Mais uma música que já decorei e mesmo farta deixo tocar. O volume no máximo e de soslaio olha-me quem apenas sente um barulho estranho envolvendo o meu corpo.
A voz grita-me aos ouvidos, louca como pernas apressadas que se atropelam no metro, que se sufocam no comboio, para a contagem decrescente da fome, e o sono cronometrado.
A estação é um lugar de ninguém onde vibra a tentação de partir para lado nenhum. Mas fugir não é fácil. Logo mil cartazes perseguiriam a minha estrada.
No comboio vou só entre olhos apertados que trocam suores do dia esgotado. As janelas trazem a praia para dentro, frágil miragem de vidro. Os carris arrastando-me igual a cada minuto do dia anterior. Todos os dias o mesmo caminho, as mesmas paisagens, os passos de uma vida itinerada (perdi o mapa do tesouro). O mar vai e vem confuso, e é de tudo o que mais sou no mundo, calma sempre ameaçada por tempestade. À minha volta uma multidão de caras mudas e esquecidas, que não me vêem. E ainda bem. Sou o fim do que o egoísmo almeja. Desejo furioso de ser maior que tudo, de encontrar nos outros o amor que não me tenho.
O comboio até sabe ser confortável. Ao menos aqui, posso ser só mais um banco ocupado.
A voz grita-me aos ouvidos, louca como pernas apressadas que se atropelam no metro, que se sufocam no comboio, para a contagem decrescente da fome, e o sono cronometrado.
A estação é um lugar de ninguém onde vibra a tentação de partir para lado nenhum. Mas fugir não é fácil. Logo mil cartazes perseguiriam a minha estrada.
No comboio vou só entre olhos apertados que trocam suores do dia esgotado. As janelas trazem a praia para dentro, frágil miragem de vidro. Os carris arrastando-me igual a cada minuto do dia anterior. Todos os dias o mesmo caminho, as mesmas paisagens, os passos de uma vida itinerada (perdi o mapa do tesouro). O mar vai e vem confuso, e é de tudo o que mais sou no mundo, calma sempre ameaçada por tempestade. À minha volta uma multidão de caras mudas e esquecidas, que não me vêem. E ainda bem. Sou o fim do que o egoísmo almeja. Desejo furioso de ser maior que tudo, de encontrar nos outros o amor que não me tenho.
O comboio até sabe ser confortável. Ao menos aqui, posso ser só mais um banco ocupado.
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