As Horas
Se eu pudesse sacudir esta letargia e partir, apagando as marcas do tempo em mim. Madrugadas passariam mais facilmente sem o relógio a fustigar-me com os ponteiros, a martelar na minha mente minuto a minuto que uns vogam num sono tranquilo e eu continuo de olho vivo sem nada apetecer e sentindo cada pulsar latejante nas fontes. Será o peso das insónias uma noite capaz de me cerrar as pálpebras?
Ao menos não existisse o tempo. Ficção fulgurante da rotina, as horas repetem-se, como cada acordar e correrias vaivém cama-frio-cama. São as horas que me ferem com o silêncio da minha solidão. Mais um dia e o quarto vazio. "Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós...", balança na música a voz de Jorge Palma. Tempo-solidão, música-consolo.
E o sono só se cumprirá se as insónias prometerem não voltar. Teimosas, duvido que me abandonem.
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