As Horas

Se eu pudesse sacudir esta letargia e partir, apagando as marcas do tempo em mim. Madrugadas passariam mais facilmente sem o relógio a fustigar-me com os ponteiros, a martelar na minha mente minuto a minuto que uns vogam num sono tranquilo e eu continuo de olho vivo sem nada apetecer e sentindo cada pulsar latejante nas fontes. Será o peso das insónias uma noite capaz de me cerrar as pálpebras?
Ao menos não existisse o tempo. Ficção fulgurante da rotina, as horas repetem-se, como cada acordar e correrias vaivém cama-frio-cama. São as horas que me ferem com o silêncio da minha solidão. Mais um dia e o quarto vazio. "Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós...", balança na música a voz de Jorge Palma. Tempo-solidão, música-consolo.
E o sono só se cumprirá se as insónias prometerem não voltar. Teimosas, duvido que me abandonem.

Comentários

Marta disse…
este novo blog nem parece nosso, parece k tou a visitar um blog daqueles xpto.lembra-me o livro "casa na escuridão" do josé luís peixoto:p. como este teu texto. mais um. daqueles como tu sabes fazer. como todos os que vou lendo agora, duros às vezes, reais, a espicaçar a letargia, a afastar a sonolência, a pensar, a ferir o mundo. Cabeça inquieta do mundo recentemente vinda de uma aldeia perdida na beira. tvz essa terra pra ti reflicta este verso de jorge palma " na terra dos sonhos podes ser quem tu quiseres ninguém te leva a mal". De volta ao mundo real. Agora fica a lisboa ruidosa e talvez um certo enfado e medo. MAs assim é. Os que aqui estão também querem ser parte de ti. Há que deixá-los entrar. e continuares a ser esse ser estranho, bizarramente interessante. essa metamorfose pessoa. :P bem ja escrevi bueeee.
Fátima disse…
eu deixo. aos poucos mas deixo. terra dos sonhos só mesmo lá longe.. mas por aqui há algumas réplicas..
obrigado ;) *