Twilight Zone

Com o olhar separei quem me distanciava de ti. Obedientes ao íman dos corpos. E logo se descobriu um corredor entre nós. De súbito vislumbro cabelos diferentes, uma nuca desconhecida naquele amontoado de rostos amigos. A música parou. O coração lutando contra o peito queria sair. Ela virou a cabeça. Tu levantaste a tua. E no instante em que a música voltou senti-me a tocar todos os momentos em câmara lenta, o nosso café e ela estranha como uma personagem no filme errado, eu tinha acabado de chegar à Twilight Zone. Olhaste-me. Ardia o prazer da sua ingénua presença, teus olhos nos meus, cumplicidade incendiada de pecado. Olhares ping-pong para ti vértice centrífugo do triângulo da paixão. Dançavam os nossos rostos onde te beijei e agora lhe sorria, hipócrita. E ela a onda pra lá e pra cá na nossa tempestade. Se te beijasse agora, teriam de nos matar como às personagens que engravidam inesperadamente numa série. Qualquer escritor já nos teria enviado numa viagem sem retorno para não se preocupar mais com a nossa estória, não há fim possível para quem estremeça assim o mundo. Somos perigosos juntos.

Comentários

AR disse…
Conseguiste-me transportar para a outra dimensão com as tuas letras soltas...o meu passado ainda arde e precisa desta catarse!
Anónimo disse…
Eu pego na vossa estória e tranformo-a num livro acerca do fim do mundo se for preciso. Perigosos juntos, mas mortos separados.

IhIh Estou *kind of* inspirada ;)
Susana disse…
Mas talvez esse perigo faça de vós os melhores...


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