tristeza

Voltaste. Trouxeste as incertezas das palavras que pedi mas não me deste, das primaveras céleres de cada infância da alma. A minha alma hoje está demasiado velha, demasiado madura, prestes a desprender-se de uma árvore e aterrar no chão. Estou prestes a aterrar no chão também. Dessa árvore onde fiquei à tua espera e tu não me vieste buscar. Tristeza porque voltaste? Arrastaste a melancolia contigo e voltei a sentir o aroma das lágrimas que não saíram por um triz. Continuo a guiar uma bicicleta pelo campo numa descida vertiginosa de pensamentos que acabam em curva. Tristeza vieste mais cedo. Corrompeste tudo à tua passagem e escancaraste as janelas e as portas. Não te esperava tão cedo mas não te vou servir um chá. Porventura é do calor que aquece as vidraças ou do meu vestido vermelho que roda ao acaso nas ruas desta cidade. O facto é que a tristeza hoje teve uma especial afeição por mim. Quanto a ti, saí da capa do teu álbum e fiquei à espera na árvore. Plantada a dez quilómetros de lado nenhum. Que é para onde vou com as linhas deste poema-prosa.

Comentários

Fátima disse…
volta sempre..