Amor, eufemismo para doença
Entre o sono e as ideias a serpentear loucas pela almofada, o medo acaba por zumbir mais alto que o meu sorriso por ti ao adormecer. Tudo me faz sonhar, mas nada me faz viver. Escrever não é tão bom como parece. Continuo aqui. Entre os lençóis e as saudades. E tu aí. De certeza a dormir, não me lembro de te deitares muito tarde. Ou tanto como eu, olhos mais ansiosos que os miúdos que não querem ir cedo para a cama. "Não, mãe, deixa-me acabar de ver este filme." (Não, não quero adormecer, pode ser que ainda mandes outra mensagem.) O teu nome não me traz senão um eco do teu falar atrapalhado e esse olhar tímido mas tão curioso que o lembro tanto como os teus beijos. És o meu desafio, és a minha vontade, o meu desejo, bocadinhos de mistério e loucura que quero descobrir, decorar, devorar! Estas letras são tão inúteis que nem saberás que é para ti que escrevo. Não podem fazer nada por mim, nem por nós. Afinal, até palavra amor é um eufemismo para doença.
E não, eu ainda não estou doente. O amor é a febre que mais temo.
(Mas já começas a arder em mim...)
E não, eu ainda não estou doente. O amor é a febre que mais temo.
(Mas já começas a arder em mim...)
Comentários
Pois é, só se não andarmos à chuva é que não nos constipamos e não ficamos doentes, mas não andar à chuva significa perder todos aqueles prazeres miudinhos que fazem a vida valer a pena... prazeres como o toque da meia noite ou a mensagem de bons dias. Prazeres perdidos em letras soltas, em sonhos começados antes do adormecer... Não conseguimos evitar andar à chuva. E não conseguimos evitar adoecer, por muito que não o queiramos. A febre é-nos já familiar e começa aos poucos, ardendo sempre um pouquinho mais até nos afectar por inteiro... Nessas alturas, mais vale assumi-la do que combatê-la... pode até ser que a chama da febre (igual à chama da paixão) nos traga algo de bom :)