Gostava de poder voar

Era ele um ser embrionário, acabado de nascer… um rebento pronto para viver. Seus olhos irradiavam luz… era razão de muitos sonhos… passados e presentes, era a esperança num futuro cheio de rosas, risos… alegria.
Mas quando a desventura bate à porta, há sonhos que morrem, espinhos que nascem, desesperos que florescem. Brotam cabeças loucas de raiva…como se o mundo acabasse e a vida não tivesse o mesmo sentido. Ele não trouxe muita coisa que os outros queriam que ele tivesse trazido! Era quase imóvel, quase inapto…mas sentia o que os outros não sentiam, amava como os outros não amavam e vivia o que os outros não viviam. Vida amargada pelo divino… cheia de sonhos pequeninos, de uma grandeza inexorável… Voava, baixinho ao sabor do vento que passa, pregado a uma bola que rebola sem parar e dá a volta ao mundo, ao seu mundo de sonho, único e cristalino. Ele não queria ser grande, ser génio, ou conhecido…era apenas mais um, que veio ao mundo pequenino, para cumprir um grande fado.
Mas quem é ele, ou eu…mais um ser sonhador, deambulando pela dor, pois não viveu o que queria, mas amava…qualquer um o saberia?

Comentários

Marta disse…
"Ele" não era mais um,e esse seu mundo cristalino e belo, transporta todos numa viagem interminável por mundos de doçura. Ele é diferente sim, ele é especail, mas pelas melhores razões porque transporta dentro do peito uma fénix, que renasce cada dia das cinzas e mostra ao mundo como o amor será sempre a mais bela coisa que o mundo possui.Nos seus olhos ternos entendo o que é gostar de forma etéra.Obrigada a esse "ele" por existir.
Anónimo disse…
somos todos mais um. e é nesse mais que está a beleza. o igual é bem mais monótono.
acrescento: somos um x. mas impassível de ser equacionado, quantificado, solucionado. apenas encaixotado, num armazém organizado por ordem alfabética, por mais que abramos frestas no tecto de madeira e deixemos entrar raios de luz.
Fátima disse…
E esse ser embrionário cresce, em si, em cada um que toca e passa a preencher também o bocadinho que desesperava pelas suas palavras e o seu conforto. e cresce, cresce... sem cessar, sendo amado e a amar.