Corações partem-se como cristal

Corações partem-se como cristal
Cacos de vidro na sala
Na sala, no quarto, nas ruas
Pisamo-los....cortes, golpes
Jorra sangue sem jorrar
Há gritos surdos
Sem ninguém gritar
Gritos e bocas fechadas,
Cacos que se entranham na pele
Envenenam o sangue
Morte longa, dolorosa, agonizante
E quando no fim da vida
Olhamos os escombros
Ruínas da memória
Não sobram mais do que cacos de vidro
Do ódio que deixámos entranhar em nós
Pedaços do que fomos
Da desilusão do que poderíamos ter sido
Mas nunca conseguimos ser
Gargalhadas cavernosas
Quando nas conversas se fala de amor
Amor em cacos sem conserto
Amor faz-de-conta
Amor fingimento
Finge que eu sou tua
Finge que és meu
E depois do fingimento
Corações partem-se como cristal
Multiplicam-se os cacos
Então morremos ...
No meio dos destroços dos nossos corações
Valeu a pena?
Valeu a pena viver?
A mesquinhez? o egoísmo?
Agora o que te resta?
Só cacos e feridas que ardem
Labaredas e mil fogos
Fogos que não se extinguem
Chamas que não se apagam
E cacos...
Mais nada...
Nada...nada...nada...

Comentários

Anónimo disse…
o meu amor... uma poetisa genial... :)
Fátima disse…
Abrilhantando o nosso ainda embrionário blog com as suas sempre belas e tão verdadeiras composições poéticas. obrigado, ninfa. don't leave that sensibility, the incomparable beauty that live inside of you.******
Daniel Cardoso disse…
É a mais pura das verdades. Os nossos corações são, por vezes, coisas frágeis, sensíveis, que se partem ao menor toque.

Mas acaba sempre por valer a pena. O espírito humano só vive quando se parte e reconstrói numa eterna corrente de humanidade em nós latente.

Prometeu
Anónimo disse…
Minha menina... é meu dever ler tal mérito com calma... por isso, deixo aqui um pequeno apontamento antes de navegar (mau termo...enfim).
Sabes o quanto eu reconheço e aprecio esse teu jeito...já o disse antes!..

Paty, a tua colega proto-caloira (ou aspirante a..)
Anónimo disse…
Corações partem-se como cristal...
Tão belo e, ao mesmo tempo, tão verdadeiro!
É duro quando nada mais resta a não ser cacos dolorosos. Quando procuramos sem encontrar uma qualquer cola que reúna os fragmentos do nosso coração desfeito...
Mas por entre a desolação encontramos sempre algo que valeu a pena. Podemos sempre pegar nos estilhaços do nosso coração e construir um novo, mais resistente, mas belo como cristal.
Anónimo disse…
Pois partem...
Seria magnífico que o nosso coração tivesse um manual de instruções, onde seriam descritos os vários procedimentos a ter para impedir que ele se estilhaçasse..
Mas esse manual não existe...o coração continua limitado pela sua própria fragilidade...
Porém, uma coisa é certa..por mais débil que ele seja...possui a ilimitada capacidade inquebrantável de AMAR mais e mais...e mais...
Anónimo disse…
Minha Cara Marta

Antes de Mais muitos parabéns pelo Vosso Blog, em especial a ti...pq n conheço as tuas amigas.
é muito raro encontrar pessoas que dispensem um pouco do seu tempo a meditar, a criar ou recriar palavras, construindo poemas com sentimentos tão profundos.
Um grande beijinho e muitos parabéns Céu
Anónimo disse…
vale sempre a pena quando a alma não é pequena. talvez precisemos de encontrar um fato à prova de fogo, não inflamável, pronto para o que der e vier, chamuscado, mas intacto. **