Uma criança a querer pular pelos olhos

Inspiro com força
Quero aspirar de uma vez o odor da noite
Inspiro...
Ressuscito os sentidos
Inflamo o olhar no fulgor de uma estrela qualquer
Toco,
Acaricio o vento
Que em delírios meus são teus cabelos
Revejo o teu sorriso
Choro,
A criança que mora no meu olhar agita-se
Não quer saber de inquietudes
Amores disconexos
A noite é calma
Extasia-se com formas difusas no breu
Chamam-lhe beleza
Algo que apela aos sentidos
Tão simples
Que a criança
que mora nos meus olhos
Atrai-se, suspira, treme
Numa esquina qualquer
Desta cidade sem nome
Há crianças escondidas
No olhar de cada rosto
À espera...
Presas por uma membrana invisível
Chamam-lhe medo
Ou será esquecimento
Olhares no chão
Passos pesados
Uma criança a querer pular pelos olhos
A infância tão perto e tão longe
Era a fome do riso que trago ainda
A gargalhada
Uma criança a morar nos meus olhos!
É possível aspirar, sorver, mastigar a vida
E uma criança a querer pular dos teus olhos...

Comentários

Anónimo disse…
Привет! Я любил вашу поэму много, действительно внушительный.

Ваш болельщик,
Дaвид
Marta disse…
Tradução: "Olá MArta, gostei mt do teu poema, como sempre deveras interessante. O teu fã David." lololololol senão ng percebia nd isto d eter amigos k falam russo..lol
Fátima disse…
Porque só existimos se a criança que vive em nós nunca morrer, porque só vivemos se soubermos deixá-la saltar dos nossos olhos, para que os outros a amem como um bocadinho de nós, aquele bocadinho que não devemos deixar esmorecer, pois representa a maior beleza que habita em nós e nos faz apreciar e reflectir nos mais pequenos milagres da vida.

Nunca deixes de ser criança, e libertar um bocadinho dela nas tuas sempre belas letras... soltas.
Daniel Cardoso disse…
Temos em nós uma criança, e que melhor altura para a criança-mulher se soltar do que à noite, onde as brumas da escuridão se condensam e nos acariciam a alma?

Prometeu
De Pena em Riste
Anónimo disse…
Sim senhor temos poeta...ups...:$
...poetisa... Pessoalmente apreciei dois pontos: um deles é a chamada constante à essência dos sentidos que, no contexto do tema, aparecem divinizados devido à pureza e ingenuidade com que as crianças sentem o mundo.
Outro pormenor interessante é o facto de teres metido o tema como verso no meio da poesia (muito comum eu fazer o mesmo nas minhas) o que vem a enfatisar a mensagem pretendida do poema e como que inicia uma conclusão que em vez de terminar de forma serena, como que acaba no meio dum "subir" de emoções, no meio dum aumentar de emoções deixando o resto em aberto (embora poesia não seja um filme bem que podias fazer uma espécie de continuação para este poema que serviria de "conclusão" deste)
Anónimo disse…
Holy smoke!!! De facto, tu és 1 caixinha d surpresas... Adorei este poema, fikei meio sem palavras...
keep it up!