A minha mão direita secou

A minha mão direita secou, fraca deixou-se cair de palavras e histórias por inventar. A minha mão direita secou, foram-se as metáforas, as sinestesias, as personificações, os paradoxos, as analogias, as ilusões-palavra, os textos arco-íris. A minha mão direita secou, agora não serve para nada, tudo o que sabia fazer era brincar com vírgulas e pontos finais e fazer de sinais escuros em papel branco um quadro de Van Gogh. A minha mão direita secou, áspera perdeu a magia que lhe dava vida, as palavras que pareciam nascer por entre os dedos, as unhas cor-de-rosa, os dedos pequeninos e vertiginosos de emoção, feiticeiros de ilusões e mundos-mentira.
A minha mão direita secou. Fui eu que abandonei as palavras, ou as palavras é que me abandonaram a mim?

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