Há muralhas e muralhas
Vamos mexe-te, há tantos sonhos à espera de ser vividos - sussurra a voz quase imperceptível da consciência, que baloiça entre as teias de um cérebro fatigado. Sentia-me estação em vez de comboio. Local de chegada em vez de local de partida. Eram horas de despir a inércia, corpo abandonado em cima de uma cadeira, e vestir-me de acção, movimento, salto, sopro. Corre corre corre, pelo mundo, pelas paisagens e pelos castelos. Aqui vou reinar, neste minuto em que descubro um país de muralhas e descubro que as minhas muralhas já foram destruídas. Afugentados esquemas tácticos e estratégias. Os meus ardis. O meu país é tão belo, apetece dançar nos areais e agarrar o sol plantado no céu. Olho do cimo da serra o verde luxuriante da terra, as estradas sinuosas que percorrem os caminho entre mim e o mundo. E apercebo-me que o mundo está tão perto, mesmo que o contador dos quilómetros avance e avance indicando aquilo a que se chama “longe”. Mas nada é longe verdadeiramente. Não tinha pressa (nem eu nem tu) e sem pressa nada é longe, porque és feliz enquanto percorres o longe e o perto. Longe de um sítio, perto de outro. Perdida num mundo tão grande e tão pequeno. Tu és tão mundo, simultaneamente praia e serra, verde e azul, e em ti encontro caminhos também eles sinuosos, alguns estrada, outros de terra batida que ainda não conheço. Quero percorrer cada um dos teus caminhos sem ter pressa de chegar a qualquer lugar. Sou feliz sem correr para metas. Como neste segundo em que o contador do carro diz que estamos a ir para longe e sinto tudo tão perto. Tu, o sol, o céu e o verde do meu país natal.
Comentários
o teu mundo sabe a gargalhada e ao brilho nos olhos que trazes depois de cada fim-de-semana ;P