TACTO
Eu podia nem ter registado no gravador do meu cérebro o som da tua voz ou o cheiro das tuas gargalhadas e da nossa paixão. A cassete podia ter avariado e ficado parada e suspensa. Conheço-te pelo toque das tuas mãos. Nunca ninguém me tocou assim.É nesse toque que te olho no fundo dos teus olhos, embora nenhum dos dois tenha os olhos abertos. Desvelamento. Sim as tuas mãos são desvelamento de uma impúdica verdade. A pele com textura de pele de galinha, quando passas levemente com a tua boca pelas minhas costas. Está frio. Anda vem fazer do meu corpo uma lareira meu amor. Abraça-me com força e susssura-me ao ouvido palavras novas que inventares no momento, palavras macias, de toque suave e quente, palavras-cerejas, palavras-rubor.Só tu me sabes tocar até nos interstícios das tuas palavras feitas do material dos silêncios, os silêncios têm a textura das nuvens. Quando era miúda costumava ficar deitada na relva a encontrar personagens perdidas nas formas vagas das nuvens. Sempre pensei que as nuvens tinham a textura do algodão doce. Ainda hoje não sei o toque das nuvens. Elas são o material do teu silêncio de tantas palavras, que desconheço mas me invadem nessa corrente, que transborda em nós. O abraço apertado aperta tudo, tudo , tudo cá dentro, como se mil nós quisessem descer ao mesmo tempo pela garganta. O coração torna-se caixa vazia sem coração. O coração não é macio, o coração é como um peixe que foi pescado e ainda está vivo. Aquela superfíce escorregadia, aquele constante debater sôfrego pela vida. È assim nos segundos em que o coração sai fora da caixa como o palhaço que salta fora da caixa das brincadeiras. Tu sabes, aquelas caixas supresa de onde salta tudo o que não estamos à espera. Tu saltaste dessa minha caixa, quando eu pensei que já estava vazia.
Encostas a tua cabeça e repousas no ninho do meu peito de olhos fechados, as minhas mãos entrelaçam o teu cabelo. Quando as mãos passam no cabelo é como se mil formigas laboriosas fizessem pequenas cócegas na nossa cabeça, dá vontade de adormecer. O beijo quente, pelo contrário, é como uma chávena de café bem quente a escaldar a garganta. Dá vontade de acordar, de permanecer nesse beijo levitador por tempos incomensuráveis até a terra fazer a sua rotação e translação. Os meus suspiros têm a textura da pele a ser suavemente arranhada, de um beliscão, para ter a certeza que estás aqui e é tudo real. E a vida tem essa sensação única de grãos de areia a passar por entra as mãos, ou então como quando tentamos pôr água nas nossas mãos e depois beber. A vida nunca se queda. Não é horizontal ou vertical. Não é direita ou torta. É algo no intermédio de todas as coisas, dentro e acima de todas elas.
A tua boca e a tua pele tão próximas, como se entre elas não houvesse distinção. Algumas gotas de água a correr pelo ventre. Num tempo sem lugar e num lugar sem tempo que se demarque. Tudo está desterritorializado hoje e é mesmo assim. Estamos juntos. As mãos têm a textura do lençol de seda, a boca a textura de uma melancia fresca acabada de trincar, fresca e madura. A vida tem o sabor de um limão sem açúcar, que dá vontade de comer e simultaneamente amarga. Dá prazer e dor. A vida é um iô-iô..Dá corda..tira corda.. vem meu amor vem balançar no meu iô-iô.
Encostas a tua cabeça e repousas no ninho do meu peito de olhos fechados, as minhas mãos entrelaçam o teu cabelo. Quando as mãos passam no cabelo é como se mil formigas laboriosas fizessem pequenas cócegas na nossa cabeça, dá vontade de adormecer. O beijo quente, pelo contrário, é como uma chávena de café bem quente a escaldar a garganta. Dá vontade de acordar, de permanecer nesse beijo levitador por tempos incomensuráveis até a terra fazer a sua rotação e translação. Os meus suspiros têm a textura da pele a ser suavemente arranhada, de um beliscão, para ter a certeza que estás aqui e é tudo real. E a vida tem essa sensação única de grãos de areia a passar por entra as mãos, ou então como quando tentamos pôr água nas nossas mãos e depois beber. A vida nunca se queda. Não é horizontal ou vertical. Não é direita ou torta. É algo no intermédio de todas as coisas, dentro e acima de todas elas.
A tua boca e a tua pele tão próximas, como se entre elas não houvesse distinção. Algumas gotas de água a correr pelo ventre. Num tempo sem lugar e num lugar sem tempo que se demarque. Tudo está desterritorializado hoje e é mesmo assim. Estamos juntos. As mãos têm a textura do lençol de seda, a boca a textura de uma melancia fresca acabada de trincar, fresca e madura. A vida tem o sabor de um limão sem açúcar, que dá vontade de comer e simultaneamente amarga. Dá prazer e dor. A vida é um iô-iô..Dá corda..tira corda.. vem meu amor vem balançar no meu iô-iô.
Comentários
gosto de te ler, ninfa ;p