Não-Existência

A não-existência é como dormir. Enquanto ficamos por oito ou dez horas aconchegados numa almofada e escondidos entre cobertores e lençóis, outros podem estar a navegar na internet, a dançar em qualquer lado, ou a estudar. Durante uma noite inteira ficamos quietos numa cama, enquanto outros poderam estar no desespero de assimilar mil fotocópias para o exame que decorrerá dali a umas horas, vivendo momentos de loucura e emoção extasiantes, ou pura e simplesmente com uma insónia, descobrindo músicas esquecidas e silenciadas, abarrotando um computador, uma panóplia de discos de música e cassettes perdidas pelo quarto, folheando livros lidos aos catorze anos, revendo filmes de desenhos-animados ou de comédia... ou as televendas.

Alguém me disse que a humanidade é acidente cósmico, e que nós somos o produto de uma reacção biológica e hormonal. E um dia seremos os fósseis que estudámos a Ciências Naturais no sétimo ano. Ou então não haverá mais Alexandrias, e tudo se transformará em pó cósmico. Porque acidentalmente há vida por aqui. Mas também deixa de haver.

Comentários

N disse…
opá!! e eu q adoro dormir E existir... escolha dificil, qdo tudo o q se quer é viver! **
Anónimo disse…
De facto, ao dormirmos uma média de oito horas por noite perdemos cerca de um terço da nossa vida. A questão é que precisamos dormir, se não, não conseguiremos viver os outros dois terços. É pena que seja assim.
Daniel Cardoso disse…
Mais importante que tudo isso, é saber aceitar docemente o facto de que um dia passaremos a não existir. Aliás, a não-existência é mais completa do que o sono. Durante o sono, toda uma panóplia de acontecimentos toma lugar na nossa cabecinha. Os tais fenómenos que se resumem a processos electro-químicos.

A não-existência é pura e simplesmente a existência do nada. A entropia total. A ausência.

Prometeu
Fátima disse…
Odnilro...qual o teu ponto de vista sobre o nada?

Master, Ísis só reproduz os seus devaneios esquisitos. (=

, eu quero dormir, existir, e não não-existir. =D

Shelyra, eu gosto da sensação de repouso que o sono me dá mas... tantas e tantas vezes prefiro não precisar de dormir... há sempre tanto para fazer e compreender...

Prometeu, o problema é que ainda não me convenci que vou não-existir. E é verdade, há sonhos que me tiram o sono com as situações absurdas e às vezes angustiantes que aparecem lá.
Orlindo Jorge disse…
A falar mal dos Forcalhos!!!!
Amuei! :((((
Fátima disse…
Não falei maaaal! Disse que era a nossa quinta, só a brincar... ;)
Fátima disse…
eu cá acho que não há voltar nem outros mundos sublimes Odnilro forcalhense!

(Forcalhos é a nossa quinta, lalalalala... pronto, já chega... =))
m. tiago paixão disse…
mais um bom texto!
lembrei-me de freud...
"Tratar o acaso como não desmerecendo determinar o nosso destino"
;)
Fátima disse…
é verdade. podemos não existir de outras formas...mas a não-existência aí é uma opção que escolhemos, e a morte já não escolhemos.

e Signore Duck, andas a repetir-te!!! =P
Anónimo disse…
A não existência é apenas um falta de amor próprio, uma hibernação da alma. Encantamentos mil
Marta disse…
È melhor beliscarmo-nos para termos a certeza que existimos.. e dpeois lá acordamos e nos espreguiçamos e o sol continua lá e nós continuamso cá...
Fátima disse…
Sim, Odnilro, toda a gente tem a sua ideia sobre a vida depois da morte, mas é como se costuma dizer...como ninguém voltou para contar, eu não posso acreditar em nada...não rejeito que posso haver qualquer coisa, mas também duvido que haja...

Magia, trouxeste mais um género de não-existência...o vazio.
Anónimo disse…
Afinal a "não existência" existe?
Será que o nada pode criar, produzir alguma coisa? Ou alguma coisa pode criar, produzir (o) nada?
Ou será que como diz o outro "Neste mundo nada se cria, nada se perde e tudo se transforma?