Devaneios insanos
Em que dia é que nós deixamos de acreditar no pai natal no mundo longe da nossa infância? Quando será que alguém diz “mãe eu já sei que ele não vem pela chaminé!”. Quando é que dizemos “eu sei que os meninos não vêm da cegonha”?. Em que altura desperta a nossa consciência?Será que chorei muito quando soube que era mentira?Que nem pai natal nem menino jesus,ninguém vinha trazer as prendas?Não me recordo.
Talvez seja assim com tudo o resto. Em que dia acordaremos pelo meio de lençóis enrolados e saltaremos da cama a dizer “eu já não acredito no amor”, ou aqueles que um dia até afirmam “eu já não acredito na vida”. E o Pólo Norte dos nossos sonhos de casas feitas de chocolate e rebuçados começa a derreter, a derrocada imprevisível das fantasias e dos “eu acredito”. Tornamo-nos mais um no bando dos “olhos no chão”, no grupo dos que perderam alguma coisa debaixo da cama mas têm medo do papão. E não põem a cabeça ali em baixo naquele sítio escuro, onde secalhar só estão o resto do que já fomos e não somos mais. As folhas dos desenhos da primária, os brinquedos partidos, a caixa dos sapatos que já não nos servem. O lugar das brincadeiras das escondidas e do quarto escuro de outrora.
Cairão um dia as máscaras que inventamos para nos protegermos?Cairão um dia os lugares comuns da nossa vida?Nascerá um dia um sol diferente de todos os outros? Deixo por momentos esse em-que-dia e fico-me por um hoje. Vejos as tonalidades do céu e as tonalidades da vida e de repente por entre as lágrimas ou as nuvens do céu descortino um sorriso capaz de vencer batalhas. Porque já nada importa. O que somos. O que fomos. O que seremos. Vivemos. E hoje tenho esta certeza, esse em-que-dia de descrédito existencialista não é hoje. Não, hoje, não. Hoje sonho com a minha (um dia) casa perto da praia a ver o sol nascer e as ondas encontrarem-se com a areia. O café na mes da cozinha e um abraço apertado pelo meio dos lençóis. Um beijo quente e um livro por acabar de ser escrito em cima do sofá. Uma criança teimosa no jardim e um baloiço.
Talvez seja assim com tudo o resto. Em que dia acordaremos pelo meio de lençóis enrolados e saltaremos da cama a dizer “eu já não acredito no amor”, ou aqueles que um dia até afirmam “eu já não acredito na vida”. E o Pólo Norte dos nossos sonhos de casas feitas de chocolate e rebuçados começa a derreter, a derrocada imprevisível das fantasias e dos “eu acredito”. Tornamo-nos mais um no bando dos “olhos no chão”, no grupo dos que perderam alguma coisa debaixo da cama mas têm medo do papão. E não põem a cabeça ali em baixo naquele sítio escuro, onde secalhar só estão o resto do que já fomos e não somos mais. As folhas dos desenhos da primária, os brinquedos partidos, a caixa dos sapatos que já não nos servem. O lugar das brincadeiras das escondidas e do quarto escuro de outrora.
Cairão um dia as máscaras que inventamos para nos protegermos?Cairão um dia os lugares comuns da nossa vida?Nascerá um dia um sol diferente de todos os outros? Deixo por momentos esse em-que-dia e fico-me por um hoje. Vejos as tonalidades do céu e as tonalidades da vida e de repente por entre as lágrimas ou as nuvens do céu descortino um sorriso capaz de vencer batalhas. Porque já nada importa. O que somos. O que fomos. O que seremos. Vivemos. E hoje tenho esta certeza, esse em-que-dia de descrédito existencialista não é hoje. Não, hoje, não. Hoje sonho com a minha (um dia) casa perto da praia a ver o sol nascer e as ondas encontrarem-se com a areia. O café na mes da cozinha e um abraço apertado pelo meio dos lençóis. Um beijo quente e um livro por acabar de ser escrito em cima do sofá. Uma criança teimosa no jardim e um baloiço.
Comentários
a vida não tem de ser tão linear. temos pequenos instantes de raios de sol por entre as nuvens escuras, e arco-íris duradouros. é preciso encontrá-los numa tarde em que se sai de casa a ouvir musica...e está sol num dia de inverno. eu senti-me num videoclip hoje. e só precisei de música comigo. =)
go go ninfa. =)
É com gosto que comento, sobretudo quando as autoras dos post`s conseguem, nas suas dissertações, aprofundar ideias, transmitir sentimentos intensos (alguns lamechas, como muita vez referiu o Pato, outros sublimes), abordar temas que por vezes não se dá importância mas fazem parte da vida de todos. E conseguem tudo isto de forma encantadora. Os meus parabéns. Contudo, agora sabendo que comento num blog definido, concreto, sinto-me psicologicamente retraído.
Mas vou fazer um esforço para ultrapassar esta dificuldade e começo por comentar este post.
“Em que dia é que nós deixamos de acreditar no pai natal?” Tudo depende como o sonho nos foi oferecido. Tudo depende da protecção que dão ao sonho. Tudo depende da nossa vontade de acordar.
Há momentos de transição, normalmente perdem-se na lembrança, que é o próprio tempo que define e conduz em frente.
Quantos de nós se lembra do dia em que conseguiu juntar as letras e ler uma frase? Ninguém porque não foi um dia. Foram vários dias a aprender e compreender as letras e depois a conjugá-las até conseguir decifrar as palavras. Também assim são algumas das fantasias. Vão esvanecendo com o tempo e não têm um dia marcado para morrerem.
Também podem as fantasias ser consideradas meias verdades que se transformam com a maturidade do indivíduo, tudo dependendo da sua fé. Não poderá o Pai-Natal ser projectado no sentimento de fraternidade e nas prendas que a vida nos vai dando? E os presentes do Menino Jesus, para quem tem fé, não terá mais sentido se corresponderem à força e energia que Dele recebemos para transformar este mundo em algo melhor?
E os que negam isto de forma rígida provavelmente são os que no fundo mais ansiedade têm por querer acreditar, querer amar.
Pode-se viver no engano de não ter fé no amor, mas perdida a esperança na vida é o mesmo que o apagar da vela na escuridão. A quem acontecer isso desejo que tenha por perto outra luz que lhe possa iluminar o caminho até reencontrar a fé e voltar a acender. E quando a vela volta a iluminar é consumindo a cera que vai chegando ao pavio. A que já ardeu transformou-se em recordação e quem quer viver só das recordações não anda na luz.
Contudo as recordações e memórias, na sua medida e dose certa, são benignas pois o presente também se constrói e reflecte pelas experiências do passado. São parte integrante da nossa vida.
E dentro das memórias as da infância têm um encantamento natural, puro, fantasioso. E frustrante é pegar no brinquedo lembrar o quanto nos encantou e ter vontade de repetir mas já não ter a idade.
Perguntas tu:
- “Nascerá um dia um sol diferente de todos os outros?”
Digo-te eu:
- Depende da tua fé.
E terminas:
- “Hoje sonho com a minha (um dia) casa perto da praia a ver o sol nascer e as ondas encontrarem-se com a areia.”
Digo-te eu:
- Afinal acreditas
Alcançada a maioridade felizes dos que conseguem manter uma criança teimosa no jardim e um baloiço.
Post Scriptum: Deduzia que ia ser curto mas afinal…
Pelos vistos consegui ultrapassar a retracção.
depois passem no meu: www.aquitambemseestabem.blogspot.com
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."
(António Gedeão)
Beijinhos grandes e até à Páscoa naquela bela terra... hehe =)