Fingimento
Há tanto que te queria contar mas não sei como te dizer. Escrevi uma carta que rasguei em mil pedaços. Revoltei lençóis e em cada pontapé no silêncio gritei desvairada na ausência de ti. Tanto para te dizer das incertezas. A boca colada e as incertezas na paragem cardíaca da fala.Há tanto para te dizer e não sei como. E os dias correm apressados numa maratona sem meta. As flores continuam a sua rotina, as árvores crescem e morrem, os pássaros cantam. E eu ainda não te disse o que tinha por dizer. Deixei-me ficar no sofá da sala e menti a mim mesma que não tenho receio. Que serei heroína de uma série que ninguém vai ver. De mim para mim na sonolência de outros dias que se irão arrastar, preguiçosos pela carpete. Calçados de dúvidas, calejados de medos. Quando te irei contar?
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