Tu

Tu não podes ser como toda a gente. Tu não és como toda gente. Mentirosos, perversos, mentecaptos, falsos, idiotas e mais alguns do catálogo das pessoas que todos conhecemos. Na tua imperfeição humana não pode caber a mentira e a traição ou o cheiro do perfume barato de mais uma noite sem rumo. Podem chamar-me ingénua ou doida. Eu sou doida, apaixonada pela vida e pela altitude das coisas. A altitude dos meus sonhos que irrompem pelos tectos e chaminés e voam para longe. Recusa. Tu não és uma ave de rapina. Pomba branca no muro do luar. No meio dos meus erros e dos teus não há espaço para a malvadez premeditada dos actos. No teu coração há luz e não escuridão. Fogo e não cinzas. Que alimento a cada madrugada com pensamentos que fazem sorrir ou trazem lágrimas pequeninas da fonte secreta do amor. De mim só tu me faltas. De nós somos um só. Num espaço de curto-circuito interno em que a felicidade passa por unir e jamais separar. Tu não podes ser como todos aqueles que conheci no passado. Porque tens marcada em ti a lealdade de outras eras e de outros enganos. Porque tens alma de sobra e amor quanto baste. Assim te escrevo quando a noite se apodera do meu ser, no medo que em ti eu não amanheça. Perdoa-me por parecer que em ti não confio. Apenas desconfio do mundo e de mim, da minha infantilidade absurda de ainda acreditar em coisas que este mundo deixou de acreditar. Na pureza e verdade das coisas. Na dedicação e finalmente, no amor.

Comentários

Enfant Terrible disse…
sim, não é. e tu também lhe fazes muito bem =))
Susana disse…
Cada pessoa é realmente única e isso faz de si, algo espectacular!

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