Desenho animado
Eras tu a mão que me desenhava entre saltos e gargalhadas que faziam tremer a sala. Eras tu que me ressuscitavas quando me caía um piano em cima. Tu que me pintavas de sorriso estúpido e voz esganiçada mesmo que estivesse triste. E eu ia caminhando de vinheta em vinheta em episódios burlescos, umas vezes ridículos outros espirituosos onde me davas mais cor e brilho, sempre com a certeza que serias tu a desenhar o próximo momento, que a minha vida partiria sempre de ti. Um dia deixaste-me a preto e branco, bloqueio de artista disseste. Mas tenho estado em branco desde então. Em silêncio os dois, vida e criador. Sem ti serei apenas cartoon de jornal, quotidiano, simples, seco, previsível, encolher de ombros "é sempre a mesma coisa", do homem conformado. Contigo fui obra-prima. A arte é assim, única, rara, e efémera.
Comentários
sem palavras...mais um texto a (re)ler.
Bjs* boa semana
Muito bom o texto.parabéns!
beijo*
grande post... :)