Desenho animado

Eras tu a mão que me desenhava entre saltos e gargalhadas que faziam tremer a sala. Eras tu que me ressuscitavas quando me caía um piano em cima. Tu que me pintavas de sorriso estúpido e voz esganiçada mesmo que estivesse triste. E eu ia caminhando de vinheta em vinheta em episódios burlescos, umas vezes ridículos outros espirituosos onde me davas mais cor e brilho, sempre com a certeza que serias tu a desenhar o próximo momento, que a minha vida partiria sempre de ti. Um dia deixaste-me a preto e branco, bloqueio de artista disseste. Mas tenho estado em branco desde então. Em silêncio os dois, vida e criador. Sem ti serei apenas cartoon de jornal, quotidiano, simples, seco, previsível, encolher de ombros "é sempre a mesma coisa", do homem conformado. Contigo fui obra-prima. A arte é assim, única, rara, e efémera.

Comentários

Anónimo disse…
Agora assim do nada a ver: porque é que não foste dar-me um beijinho de parabéns? pffff!
David disse…
Num momento no topo, noutro no abismo...
delusions disse…
" Contigo fui obra-prima. A arte é assim, única, rara, e efémera."

sem palavras...mais um texto a (re)ler.

Bjs* boa semana
Sophia Paixão disse…
A arte no rasgo simples e belo de um sorriso esboçado na tela do amor.

Muito bom o texto.parabéns!

beijo*
Susana disse…
uuuh...


grande post... :)
Diligentia disse…
continuas a ser uma obra-prima, e a escrever maravilhosamente.
Marta disse…
quando li este texto imaginei aquelas cenas dos cartoons tantas vezes revisitada. Nunca tinha pensado que essas imaginacoes tao engraçadas dessem um post tao bonito. e finalmente este pc da pa comentar o letras. era do anti virus ou dos pop ups ou popo kk couisa