Summer Sunshine

Conspirou toda a noite para que me abandonasse. Acordei no silêncio de não ter de acordar, sem hora nem alarme, passava das duas da tarde. E o corpo fraco com fome de tanto tempo dormido sem saber se teria força para se levantar, e comer. Tanto me sentia em mim, cabelo enrolado no nariz, braços na almofada, que uivava o vento do outro lado da janela e ainda não o tinha ouvido. Quando de repente apeteceu um pouco de mundo e soube-o agitado. Câmara lenta no meu quarto, e tão rápida lá fora. Porque se exageram as pessoas num dia tão quente de Agosto? É o vento, louco, nervoso empurra tudo. É o vento. Esse uivar trocista da rotina que abafa a brisa quente da praia, aqui tão perto. E sinto-me tão lentamente que mais não consigo pensar que isto. Pequenas palavras com fome, não há frases grandes sem galão e torradas afinal.
A casa está muda. Ou talvez ainda não a tenha começado a ouvir também. Casa-de-banho. Um reflexo preguiçoso, feio mas irritantemente descontraído para quem do trabalho me visse acordar às duas da tarde. Gargalhada por cima do redemoinho selvagem de cabelo, que em mim tem personalidade própria. Sou um bicho. Sim, mas também nunca quis ser normal, que enjoo de palavra, ou então boa desculpa para quem não é bonita. Água no rosto e o corpo vai despertando aos poucos. I won't be comfortably numb. Sem querer despertar parece uma música de Pink Floyd ou um ritual espiritual. É tão fácil viver. Basta acordar sem pressa. E ser Verão.

Comentários

Marta disse…
não me fales em galõoooes=) ja consigo comentar!!!
Fátima disse…
e bebi um agora =D
delusions disse…
mais um ;) sem palavras...

Bjinho*