Insomnia
Era como dormir na rua. A sensação que o escuro se prolongava até ao cão que ladrava às três de manhã e os lençóis tão frágeis numa noite de Junho. Gostava mais do Inverno, podia dormir com mantas e cobertores grossos sem que a mãe refilasse ou proibisse aquela estranha mania. Não tinha frio, nem suava muito, era uma maneira de se sentir protegida.
Assim, sem sono, e sem se poder esconder nas mantas, não ia adormecer.
Quando era pequena fingia que debaixo dos lençóis era o mar e tinha de aguentar sem respirar para um dia nadar como os primos debaixo de água. E arrastava o corpo para o breu sentindo o macio dos lençóis na barriga.
Inventava histórias para cada noite que ficavam só na sua cabeça e adormecia cansada antes de poder dar um fim ao seu filme.
Hoje as histórias na sua cabeça são tantas que não a deixam dormir, são reais e voltam teimosas ao acordar.
Assim, sem sono, e sem se poder esconder nas mantas, não ia adormecer.
Quando era pequena fingia que debaixo dos lençóis era o mar e tinha de aguentar sem respirar para um dia nadar como os primos debaixo de água. E arrastava o corpo para o breu sentindo o macio dos lençóis na barriga.
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Hoje as histórias na sua cabeça são tantas que não a deixam dormir, são reais e voltam teimosas ao acordar.
Comentários
Era mais fácil quando o único medo era do escuro, n era?!
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