La paz de tus ojos



"No he podido esta vez,
vuelvo a no ser,
vuelvo a caer.
Qué importa nada si yo,
no sé reír,
no sé sentir...
Quiero oírte llorar y que me parta el corazón,
quiero darte un beso sin pensar,
quiero sentir miedo cuando me digas adiós,
quiero que me enseñes a jugar.

Sé que me he vuelto a perder,
que he vuelto a desenterrar
todo aquello que pasé.
No sé ni cómo explicar que sólo puedo llorar,
que necesito la paz que se esconde en tus ojos,
que se anuncia en tu boca, que te da la razón.
Ven cuéntame aquella historia de princesas y amores
que un día te conté yo.


(...)"

La Oreja de Van Gogh - "La paz de tus ojos"

Ainda me lembro da primeira vez que te vi. O teu andar despreocupado e saltarico como se nem a gravidade te desafiasse. O vestido amarelo e o cabelo despenteado, serpenteando ritmado com o teu andar dançante, e os teus olhos brilhantes que pareciam envoltos na mesma melodia sorridente do teu caminhar até mim. Quase não me conhecias, mas sempre acaloraste tudo o que te rodeia com a leveza do teu ser, sem parecer saber o que é o medo ou a vergonha. O teu "olá!" de voz meiga desenhou-se em covinhas e directamente da alma. Por uma encruzilhada de acasos começámos a partilhar os mesmos lugares e conheciamos as mesmas pessoas. E por um acaso ainda maior descobri que falar contigo era contagiante. De repente, entre o chá e as bolachinhas à lareira nos dias frios, depois das molhas das brincadeiras loucas na neve, e o teu semblante enlevado enquanto te conto estórias de reis e princesas, tornaste-te o bocadinho mais emocionante dos meus dias. Um simples flash dos teus olhos e falar electrizante faz-me sempre querer largar tudo e misturar-me entre comboios e autocarros (sem me cansar) para te ver a descer as escadas aos pulinhos e para me cortares a fala enquanto te lanças numa torrente de desabafos e gargalhadas. Confundes palavras e verbos sem vírgulas nem pontos finais, enquanto falas a correr e reinventas o ontem e o há-bocadinho com as tuas mãos, num falar atrapalhado de quem tem tem pressa de viver e não se parece cansar do rebuliço de emoções que tem em si. Eu sempre tive o olhar de quem escreve por linhas direitas e sem rabiscos os sonhos quase certezas, e tu o ar agitado de quem quer sorver cada bocadinho de poesia de cada voz que se cruzava na tua e o nervoso miudinho de querer ser tanto e não ter tempo para nada... Na tua inocência e o deslumbre de quem acha o mundo demais para si nunca reparaste nos teus olhos grandes de teimosia. Pareces saber mais que eu que decorei o mapa para subir sem cair às montanhas mais altas (sem precisar de atalhos). Quando tropeço e a almofada não chega só entre o teu abraço consigo chorar cascatas de fantasias mal desenhadas que mais ninguém viu. Só ao pé de ti o peso do mundo não me asfixia.

Comentários

Mana Má disse…
Olá Amiga Isis, finalmente consegui encontrar-te , pois muito sinceramente já tinha sentido a tua falta a algum tempo.Em relação ao teu post posso desde já dizer que não existe melhor conforto do que termos alguém em nos confortar, quem diz confortar aproveita e manda a deixa de se aninhar.Como é bom ser Mázinha mas sentir-me bem com o Bom que os outros nos podem ofercer!!!

Um Mau Dia!!! ;)
Fátima disse…
a amizade tem o sorriso mais bonito!
AR disse…
paz? aonde??
Anónimo disse…
A paz q se esconde por detrás de cada olhar, de cada palavra pronunciada, de cada gesto, de cada dor partilhada..é essa a paz de q tanto falam, mas que so muito poucos realmente sentem