Boémia

Um dia uma professora de português pediu-nos para dissertarmos sobre o medo. No seu sorriso via-se o prazer de um trabalho que nos desarmou: nenhuma enciclopédia o explica, nenhum dicionário o define para além de "receio, pavor, nervosismo". Não tinhamos mais que catorze anos e as dependências ainda estavam longe de provar. E o Sol tão brilhante que tínhamos os olhos ofuscados de vida. Perdidos, fizemos do trabalho de casa um desafio e uma partilha. Discorremos sobre a morte, dos nossos amigos e dos nossos pais, sobre cataclismos à escala mundial, ataques terroristas - a princesa de todos os jornais, que florescia na altura. Juntos descobrimos que o dicionário se tinha esquecido da palavra "futuro" a seguir a medo. E se não conseguissemos ser o que sempre almejámos, entrar no curso que queríamos e viver os recreios e recreios a pensar como gente grande? Também tremíamos por um dia ver todos os ideais pisados e o "nunca o farei" riscado da lista. Hoje, cinco anos volvidos, será que essa lista ainda tem alguma coisa por riscar? Tenho medo por nós. Perdemos a ingenuidade nas olheiras e nos livros, mas somos doentes de amor!

Comentários

Marta disse…
Essa lista mudou muito desde ha uns anos para cá.mudamos tanto, às x nem nos reconhecemos..
AR disse…
somos princesinhas doentes...mas HAJA SAÚDE!!! :)

Ter medo sem medo é melhor do que sentir este medo. Pensar no medo não é ter medo.

Só sei que a minha lista tá cada vez maior!!!

:o