espelho
Corropio vertiginoso de mãos. Dadas, entrelaçadas, apertadas. Pequenas, médias, grandes.Fundidas.Passeio num jardim. Ao longe a torre perdida no oceano e um sol abrasador que me arde no rosto. Arde-me agora na alma a memória das tuas palavras, a memória das minhas falhas. Das vezes que tentei nadar contra a corrente ou não nadei na tua direcção. Lembro-me agora das promessas empilhadas em cima da secretária e dos medos despejados pela janela.Lancei as palavras em setas-veneno sem olhar para trás. Tenho medo de olhar para trás e não avistar a tua figura esguia e segura. Sento-me na cama macia, cama-mundo onde viajámos um pelo outro, nos risos e nos sonhos despidos. Respiro com dificuldade e passam mais casais de mãos dada na minha cabeça. Porventura a contarem os segredos que te contei.Hoje não tenho segredos para te contar.Só uma mão cheia d pedras. Lancei-te as pedras em vez dos pós de crescer. Para seres maior, no coração e no riso. Na felicidade. E contar-te histórias de princesas em torres.Eu não sou uma princesa.Tropecei no vestido. Tropecei nas artimanhas, e sem querer,trouxe de novo os medos deixados no passeio. Ainda guardo a música no ouvido " nadar no teu corpo eternamente".Eu sou um espelho em estilhaços. a Madrasta e não a Branca de Neve. E uma dor pequenina bate no coração-tambor. Grito a plenos pulmões e caio de joelhos. A dor pequenina virou espada que fere e mata. Belisco-me e não sinto nada. Terei morrido?Olho-te mas tu não me vês. Devo ter mesmo morrido. Espelho partido em pedaços de mim.
Comentários
:(
não somos os espelhos; é melhor tentar não ser as pedras que os partem!!
paz em ti****