Thoughts


Algures no livro do Principezinho, a raposa afirma que os homens compram tudo nas lojas, mas como não há lojas de amigos, os Homens já não têm amigos. Amigos ou amores. Tudo tem de ser fácil, rápido, como uma refeição pronta para ser aquecida no microondas. Nada pode ser revestido de um grande custo. O embrulho do papel tem de poder ser rapidamente rasgado, o baú facilmente aberto. O amor facilmente construído, mesmo que os tijolos possam ficar mal colocados. Mesmo que um dia um telhado desabe repentinamente sobre as nossas cabeças. Porque a validade das refeições congeladas vai expirar, não obstante a panóplia de conservantes e corantes e outros antes que não ficam para depois. Um antes sem depois, um presente sem futuro, a efemeridade de cada momento: fátuo, frágil, forte ou fraco, fim à vista. E a palavra de ordem é fácil. Fácil como aceder a um site na internet. E por nada se luta e por nada se morre. E nada é suficientemente louco. Tudo existe porque "dá jeito" e não há sonhos impossíveis para não se viver nos domínios da sua impossibilidade. E no fim todo um conjunto de amores risíveis, num catálogo de memórias, também elas por inferência risíveis. Tudo parece demasiado descartável, tal e qual os pratos de plástico para os piqueniques à beira mar ou à beira rio. Que é do amor?A bravura dos sentimentos transformou-se em cobardia. Um bando de cobardes à espera que o mundo nos seja dado numa bandeja de prata.

Comentários

Anónimo disse…
ó martinha.. se bem que perceba o teu ponto d vista, não podes ser tao negativa. Claro que existem as relações tipo fast-food como lhes chamas, mas e as outras? As relações genuínas existem (e ainda bem!); nós crescemos e desenvolvemo-nos com elas: o amor dos outros por nós e o nosso pelos outros não morre e não morrerá. Imagina 2 álbuns de fotografias. Um com fotografias muito boas (a luz certa, o objecto perfeito) e outro com fotografias não tao boas. Gostariamos de preencher a vida só com boas fotografias não era? Mas nem sempre é assim, e aliás, mesmo as más fotografias existem por alguma razão. São elas que nos fazem aprender as técnicas, desenvolver as nossas capacidades. E esta «coisa a que chamam amor» também é assim; vive de boas e más fotografias.
AH! e ainda bem que não existem lojas de amigos. Os amigos não se compram.. os amigos crescem e ensinam-nos a tirar cada vez melhores fotografias.
E eis que tens aqui 1 comentário meu;) Beijoka
Fátima disse…
Páaaaaaara a músicaa! Temos uma nova comentadora. Rufar de tambores... boneca finta as metáforas de ninfa e marca um comentário-golo. porque sim, por vezes escolhemos fast-food porque a fome aperta e o desejo é animal, mas carne grelhada sabe sempre bem, e não faz mal se a comermos a vida toda... mas comemos fast-food para variar de vez em quando, e saber o que é melhor.
Há amigos e amores que não são fast-food, e fotografias de sorrisos tão sinceros que nunca serão apagados, por mais que a força da vida nos afaste.
Agarra na vassoura e varre esse pessimismo!!!
Marta disse…
heich oh isis k raio d comentário"comermos a vida toda"?"carne grelhada" LOOOOOOOOOOL
Fátima disse…
tu é que és preversa... =(
Anónimo disse…
Não consigo deixar de concordar com o que aqui é dito. Afinal de contas vivemos numa sociedade que leva o lema "Carpe Diem" demasiado à letra e procura a cada momento retirar prazer instantâneo, importando-se muito pouco com as consequências que daí poderão vir. Um sentimento que hoje é a coisa mais importante na vida passado uma ou duas semanas reduz-se a pó e a lembrança do que outrora fora um grande Amor.
A velocidade e o ritmo que a sociedade nos impõe a isso nos leva, somos como que empurrados a acompanhar o passo dos outros. E enquanto uns não aguentam a pressão e se subjugam àquilo que é moda, outros que tentam lutar contra moinhos e defendem ideais dignos de contos de estórias (ou histórias, como preferires) onde cada final é um final feliz.
Nesta perspectiva tens duas formas de seguir o teu rumo:
Hipótese A - Deixas-te arrastar pela corrente, aderes às relações "fast-food" (adorei o termo) e segues a tua vida libidinosa.
Hipótese B - Segues os teus ideais, lutas por eles mesmo quando não tiveres força porque existindo 0,0000001% de possibilidade de teres sucesso é o suficiente para te deixar uma esperançazinha malandra no coração que vai acabar por te fazer feliz!

É apenas uma questão de acreditares até porque "por cada leão que cair, outro se levantará!" ;)
Anónimo disse…
O Principezinho deve ter sido o primeiro livro que li mas foi de certeza a primeira peça de teatro que vi;);)
Marta disse…
Raios partam os sportinguistas LOOL Ajuda-me ísis ... águias em acção LOOL
Fátima disse…
Sim Odnilro, as promessas são normalmente algo levado pela força de um ideal que muitas vezes não tem como perdurar. Mas eu ainda mantenho a minha promessa de não fumar, e conheço quem esteja à espera da quebra dessa minha jura, porque supostamente, na faculdade "não se aguenta sem fumar"... Não acredito nisso.

Oh Ninfa, os LAGARTOS não fazem sombra a ninguém...não nos temos de preocupar.
m. tiago paixão disse…
ola!! vês cm tb comento os teus posts?! lol lol.
o principezinho é um livro magnifico, so por isso ja "merece" o meu comentário...
bom trabalho!!! ;)*
Vostradong disse…
Cá dentro há uma tormenta como se estivesse cá tudo
A minha cozinha é a claridade com um tecto totalmente negro
Os artifícios sabem que estou cá dentro
E o meu calendário é invadido por parte do dia
N disse…
oh martinha, mais uma vez gostei de te ler, claro, mas é a primeira vez que escreves pessimista!! não me parece bem, por mais verdade que seja. E olha, tira muuuuuitas fotografias (aproveitando a metafora da buneka), boas ou más, pouco importa (quer dizer, importa um bocadinho). O melhor mesmo é que andes com a máquina sempre à mão, à cata de bons momentos. mesmo que sejam comprados

** ná
Marta disse…
Por vezes sentimo-nos tristes... e somos mais pessimistas...
N disse…
mas não sejas! * eu gosto de ti =)