Estranho pedido
Hoje vou só refugiar-me neste pensamento: cada dia é uma página em branco à espera de ser escrita. Mas poderão os rascunhos de hoje apagar os borrões de ontem? E, se assim for, fica mais uma pergunta. Conseguirei algum dia adivinhar o que devo escrever amanhã? Porque amanhã gostava de escrever uma história absurda e inédita, que me fizesse feliz. Gostava de saltar alguns muros, ou barreiras, e gritar para quem quisesse ouvir. E se puder apagar os borrões de ontem, poderia retirar todas as palavras injustas, negligentes. Poderia fazer esquecer todas -as imensas- vezes em que falei (de)mais, mais do que a conta, sílabas projetadas em excesso de velocidade. Porque falo como vivo, intensamente. Sempre tive o dom da palavra mas há dias na vida em que parece que não sai nada. E por mais que espremas ela parece não ter sumo. Que contos terei contado nesses dias? Não me seria permitido, só porque sim, rasgar algumas folhas, rasgar violentamente e voltar a escrever? Não posso apenas corrigir alguns erros, riscar e riscar com força até rasgar o papel? Só para depois voltar a dizer outra coisa qualquer?
E não, não quero que ninguém escreva a minha história por mim. Sou a autora de mim mesma, ainda que isso nem sempre signifique que fico com os melhores desfechos. Tropeço tantas e tantas vezes nas palavras e alguns olhares dizem-me, sem dizer, «não te compreendo». Insisto neste meu pedido e talvez seja a altura de pedir mais folhas. Porque há dias que merecem mais do que uma página.
E não, não quero que ninguém escreva a minha história por mim. Sou a autora de mim mesma, ainda que isso nem sempre signifique que fico com os melhores desfechos. Tropeço tantas e tantas vezes nas palavras e alguns olhares dizem-me, sem dizer, «não te compreendo». Insisto neste meu pedido e talvez seja a altura de pedir mais folhas. Porque há dias que merecem mais do que uma página.
Comentários
Que os teus dias bons tenham tantas páginas quanto as que queiras e os maus não cheguem a ocupar uma página inteira :)
Gosto de te ler***