Biblioteca
Regresso às origens. E então lá estou, de novo, sentada naquela mesa da biblioteca. Nas estantes, os livros que eu li observam-me. Pergunto-me se ainda guardam alguma memória de mim nas suas páginas. Eu mudei. Os livros também mudaram. Ganharam novos sentidos ao passarem por tantas mãos. Nas suas páginas fui-me tornando mulher. Os livros acompanharam as minhas primeiras paixões de adolescência e acalmaram, com os seus conselhos, a minha loucura. Vivi os romances dos livros como se fossem meus e chorei tantas vezes por finais (in) felizes. Aquela biblioteca acolheu-me e foi a minha segunda casa. Os livros, os meus fiéis companheiros. Os amigos que nunca te recriminam. No silêncio das suas palavras passei noites em claro e desbravei histórias como se fossem florestas. Conquistei mundos e fundos sem sequer sair do meu quarto. Mais do que isso, sonhei e imaginei como qualquer criança deve fazer. E hoje os livros continuam comigo, inspiram-me e eu sonho e imagino como qualquer mulher deve fazer. Quando o mundo parece desabar, só os livros ficam. Guardam os seus segredos para sempre e nunca morrem. Têm sempre uma palavra para dizer e uma história para contar. Ao contrário das pessoas.
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