Felicidade

Qual é a definição correcta da palavra felicidade? Essa palavra que nos persegue, nos domina e nos aprsiona....Essas sílabas pelas quais seríamos capazes de morrer. Esse momento de embriaguez do mundo e de nós mesmos, que vem como um brilho fulgurante e ilumina tudo à sua volta.Dizemos que somos infelizes pelo simples facto de esse estado de desvelamento do belo ser provisório, precário, fugaz e a ele se suceder a melancolia, a tristeza e o desvelamento do feio. Mas não faz mal. Quer dizer, faz mal, mas faz-me dar valor ao bem que esse momento me faz. Ponho-me a ansiar que ele volte de novo, que o momento bom e feliz bata À minha porta ou docemente toque À minha campaínha ou espreite por trás de uma árvore quando eu passar. Que a felicidade me molhe, me pulverize, me inflame, me levite, me intensifique, me agarre, me aperte e me sustente no ar. Ar, terra, fogo, água. Brisa, chão, chama, lago. Vida. Mas não basta estar-se feliz, é preciso querer estar-se feliz. Abrir os olhos, bem abertos como dois berlindes prontos a ser jogados. Abri-los e dizer para dentro, para a fénix que mora no coração: “eu tenho, eu quero, eu preciso de estar feliz”. “Eu preciso de ser, de me fazer, de me refazer, de me buscar, de me encontrar, de me rir, de me gritar”. E ser sempre aluno e nunca professor da álgebra e do cálculo difícil do ser feliz. E aprendermos com os outros alunos do mundo a ver de maneira diferente. Ser feliz é ver de maneira diferente a infelicidade.É querer feri-la pela indiferença e entender as metáforas que dizem que o sol volta a brilhar, que amanhã é um novo dia. E dar valor a todos os conselhos e ouvir os provérbios. Um olho no burro e outro no cigano.Águas passadas não movem moínhos. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje. E amanhã talvez esteja sentada na soleira da porta (a escrever textos rebuscados e recambulescos e decadentes). Num florescimento de mágoas e tristezas. Talvez amanhã ou depois de amanhã. Gostava que fosse depois de depois de depois de amanhã. Mas a felicidade também tem de hibernar como certas criaturas do mundo animal, para voltar revigorada e poder ser exactamente o que é: felicidade. Êxtase. Alegria. Suspiro. Arrepio. Uma vírgula no meio de tantas frases sem ponto final. Para marcar a presença de nós a nós mesmos. A felicidade é virgula. Eu sou um ponto. Um mero ponto. Mas nunca um ponto final. Um ponto em cima da vírgual. Ponto e vírgula. E quando estou felícissima sou um ponto de exclamação. A infelicidade mais não é que um ponto de interrogação a que temos de dar resposta. Só não podemos desistir. È por isso que não gosto de pontos finais.

Comentários

Fátima disse…
a felicidade é um momento. não chegamos a uma idade e somos felizes porque temos carro, casa e um marido... ha momentos tão simples que elevam os nossos pensamentos em infinitos pontos de exclamação! (e tu agora tens um na testa, que eu sei bem!!!)
Anónimo disse…
ponto final, paragrafo, travesão! ahaha!!! isso dizia mto a senhorita conceição barradas (a minha prof da primária) ;)

Dia 11 dia de desgraça?? nao vejo onde nem porque!!!
Unattached disse…
Fiquei tao feliz depois de ler o teu texto! =D sim, tens razao. Nós pessoas que por vezes pensam de mais temos uma tendencia para estarmos tristes, mas o importante é sabermos aproveitar quando nos sentimos prestes a rebentar de tanta alegria. :D adorei o texto. keep it comin.

bjs
Marta disse…
é verdade erasmus boy..complementa sim.N tinha pensado nisso
Bruno Simões disse…
a felicidade não pode nunca ser algo que apenas é vivido ao máximo em dias comercialmente explorados, em que se não houver prendinha não há beijinho (ou mais)... enfim há tantas coisas que me deixam feliz e não preciso de receber prendas para o estar...

bom trabalho