Janelas ou portas

Schiu, não digas nada...
O tempo é de silêncio,
Schiu, não te movas...
Não vás assustar os pombos lá fora.
A janela aberta sobre a ponte...
Uma ponte que se ergue,
Mas schiu para que a ponte não caia...
Para que a janela não se feche de rompante
E a brisa irrompa em vendaval.
Lá fora os faróis,
Mais e mais faróis,
Na busca de um faroleiro,
Na busca de um algo.
Olho para as minhas mãos
E vejo só esta janela aberta sobre a ponte,
A ponte que leva ao arco íris...
Ao arco das mil e uma cores...
Mas shiu respira sem fazer barulho,
Para que ninguém dê conta
Do ar que respiramos.
A janela sobre a claridade das coisas,
Na escuridão de alguns sorrisos
Que mantemos por conveniência,
E no desabar dos sorrisos convenientes
O estardalhaço de um sorriso aberto sobre a ponte das mil cores...
Um shiu prolongado do dedo indicador sobre os lábios.
O som de travões e buzinas
Será o faroleiro?
E descalça busco o meu farol,
Percorrendo o espaço suspenso entre os sofrimentos
E o fervor intermitente da luz que escorre do ser.
E são uns olhos acordados e pasmados
Na janela aberta, que é porta escancarada na nossa ponte?

Comentários

Fátima disse…
portas para sair, janelas para espreitar :P não passamos sem ambas. =)

vou para aparvalhar agora :P
Fátima disse…
eu gosto das janelas para a fonte da alegria! mas não vejo a azambuja daqui!!
Tiago Correia disse…
Muito bem...adoro a musicalidade deste poema!