Fiz duas canecas de leite com chocolate. A luz da escrivaninha agride-me os olhos de vermelho-sono. Pupilas pesadas de quase quinze dias injectadas de boémia. Olheiras cavadas e sinceras, sim, não durmo sem pensar há tanto tempo. Aquele dormir como uma televisão escura, desligada, silenciosa, tranquila. Sem aquele zapping de momentos e frustrações confusas que são os sonhos... ou pesadelos. Enervo-me sempre quando acordo. Não devia ter sonhado contigo! Que raiva de mim! Os sonhos gritam a fraqueza da minha louca montanha-russa. E como está a minha pele! Branco-coma como naquela noite. Apetece-me vivê-la de novo, até. Poder ser e não me lembrar. Como me libertaria, lançar com violência a pesada mala dos medos à porta, como no quinto ano, em que largava a correr a mochila no pátio e partia sempre o estojo de vidro do compasso. E o chocolate que só me deixa farta e enjoada! Atira-me um míssil psicotrópico! Álcool! Queima-me a ansiedade nas labaredas de um shot e deixa-me perder a consciência gargalhando o meu ridículo - sem saber porquê, porque agora sei demais! E ninguém me responde. A minha casa ressona, o telemóvel inútil fustiga-me com a hora tardia, e tudo o resto dorme. Mas deve haver alguém acordado por aí. Onde estão as chaves do carro?
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Comentários
:)
no more chocolats and shots, rite?
snif
Bom post pa n variar =P