Confusão

O meu coração pensaria “amo-te” se pudesse pensar. Mas como o pensamento não é uma das qualidades do meu coração, ele não pensa, sente. E ama-te de qualquer forma. Os batimentos cardíacos aceleram de tal forma, que juraria, o meu coração e o teu fazem amor neste instante. Mesmo que as nossa pele nem sequer se toque. Faz amor com o meu coração. Faz amor comigo. Mistura o teu paladar no meu e torna-te pôr do sol do meu corpo. Junta ao meu o teu quarto crescente. Sê lua cheia comigo. Se o meu corpo pudesse falar diria “desejo-te” ou “beija-me”, falar não é dom do meu corpo, apenas a minha mão que te puxa na minha direcção com fervor. E se os teus lábios ouvissem? Sim, conheceriam este suspiro enquanto te beijo. Mas os teus lábios não ouvem e, de facto, este deve ser um suspiro entre-bocas. Se a tua alma voasse não estaria mais aqui. Se a minha alma voasse estaria despida com a tua. Faz amor com a minha alma.Não há nada de errado nisso. Apenas a tua alma na carne da minha alma. O teu corpo na leveza do meu corpo. Quentes e invadidos por uma febre-paixão em curto circuito. Sê a descarga eléctrica de mim. Eu serei brisa morna nas areias movediças do teu corpo-mundo. E o meu coração que não pensa e o meu cérebro que não sente ficariam confusos com tanta emoção, se o meu coração e o meu cérebro tivessem o dom da confusão.

Comentários

Fátima disse…
uiiii! o desejo fulgurante na boca que extasia a alma, é assim que partimos para uma realidade em que tremem sentimentos entre sensações...

mesmo poderoso este post :D
Anónimo disse…
muito bom este texto.. :)