Verão com aroma a Nesquick

Acordo com o barulho das gargalhadas da minha mãe e da minha tia, na cozinha, a preparar o pequeno-almoço. É uma festa quando eles chegam. Há croissants, pão quentinho, doce de morango e de abóbora, mel para adoçar o chá ou o leite e ainda pãezinhos com chocolate, que a tia trouxe de França. Era tão bom quando eles vinham de férias no verão, íamos à praia e à Feira de Artesanato do Estoril ao final do dia, ainda com a pele quente do sol e a saber a mar. Mas há um aroma muito especial, que guardo desses dias: o cheiro a Nesquick, que a minha tia trazia para o pequeno-almoço dos filhos. Em minha casa nunca havia Nesquick, a não ser nessa altura. Eu, alérgica ao chocolate, não podia dar-me a essas liberdades. No verão, deixava-me levar pelo seu cheiro e sonhava que, um dia, poderia misturar aquele pó no leite sem medo de ficar doente.
Até hoje, a alergia ao chocolate ainda não me quis largar. Contento-me com essa doce recordação dos verões com aroma a Nesquick.

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