Espaços em branco

Martelo furiosamente as teclas para preencher os espaços em branco entre as palavras e as frases. Mas quando sou eu o espaço em branco, o que fazer? Que história escrever? Devo, porventura, deixar que a história, ou a vida, soletrem o destino por mim?

Sorrio em falso quando as lágrimas ameaçam cair e refugio-me num livro. Conhecem-me melhor do que ninguém. Nas suas páginas descobri amigos e amores. Mergulhei nas suas histórias. 

Os livros nunca me abandonam, são o local seguro para as minhas maiores aventuras. Quantas vezes o relógio converteu os minutos em horas enquanto os capítulos se sucediam diante dos meus olhos?

Nos livros não há espaços em branco, apenas palavras para alimentar a imaginação. Levam-nos aos destinos mais incríveis, aos sonhos mais inesperados. E enquanto os descubro pela noite fora, nada mais me pode magoar a não ser a ficção, onde se vive a fingir mas também se morre a fingir. Mas a dor por vezes é tão real que a consigo cheirar, ouvir e tocar.

Ou talvez a dor seja a minha, ou a tua, enquanto interpreto as palavras à minha maneira, e amo à minha maneira, lendo e relendo, inventando e reinventando. 

Tentando preencher os espaços em branco da minha própria história.

Comentários

Fátima disse…
Gostei tanto! É tão bom, passado mais de três décadas de vida (que velhinha, ahah) ter a mesma paixão pelos livros que agora. Conseguiste descrever o que sinto, tão bem. É tempo de pensarmos, também, em escrever os nossos. :P