Espaços em branco
Martelo furiosamente as teclas para preencher os espaços em branco entre as palavras e as frases. Mas quando sou eu o espaço em branco, o que fazer? Que história escrever? Devo, porventura, deixar que a história, ou a vida, soletrem o destino por mim?
Sorrio em falso quando as lágrimas ameaçam cair e refugio-me num livro. Conhecem-me melhor do que ninguém. Nas suas páginas descobri amigos e amores. Mergulhei nas suas histórias.
Os livros nunca me abandonam, são o local seguro para as minhas maiores aventuras. Quantas vezes o relógio converteu os minutos em horas enquanto os capítulos se sucediam diante dos meus olhos?
Nos livros não há espaços em branco, apenas palavras para alimentar a imaginação. Levam-nos aos destinos mais incríveis, aos sonhos mais inesperados. E enquanto os descubro pela noite fora, nada mais me pode magoar a não ser a ficção, onde se vive a fingir mas também se morre a fingir. Mas a dor por vezes é tão real que a consigo cheirar, ouvir e tocar.
Ou talvez a dor seja a minha, ou a tua, enquanto interpreto as palavras à minha maneira, e amo à minha maneira, lendo e relendo, inventando e reinventando.
Tentando preencher os espaços em branco da minha própria história.
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