Flamenca

Só se ouvem sapatos a bater no chão. Rápidos, fortes, certos. Como uma marcha militar. Mas uma de mulheres, de compridas e negras saias. Golpe, planta, tacão. Golpe, planta, tacão. Volta. Golpe, planta, tacão. Volta. E outra vez. Tudo igual, mas para o outro lado. E de repente um passo novo, uma volta de tacão, desiquilibras-te e quase cais. Ponto final na marcha, ponto e vírgula aos passos que já sabemos de cor. Um passo diferente, uma mudança na rotina. Os teus olhos procuram outros, perdidos. O flamenco imita a vida ou é a vida que imita o flamenco? O pé bate rápido e violento como quem manda as tristezas embora e as mãos tocam forte uma na outra ao ritmo do coração: vivo, solto, livre. Como quem agarra a vida pelos colarinhos e diz agora quem manda aqui sou eu. A música toca alto e levantamos as mãos para um último olé! Afinal o flamenco imita a vida ou é a vida que imita o flamenco? 

Comentários

Marta disse…
A paixão flamenca nas tuas palavras! E digo olé!
Fátima disse…
Uma paixão que já corre nas veias das duas! Olé!