Chaves

É normal fecharmos o que sentimos à chave. Como fechamos os bens mais preciosos. Assalta-me o pensamento de deitar a chave fora, abrir a caixa de pandora e gritar as verdades, deixar sair os demónios. Mas fechei os medos e os fracassos há tanto tempo. Mil cadeados e correntes rodeiam os meus pesadelos. É normal esquecermo-nos onde deixamos as chaves, está sempre a acontecer. Lembro-me da minha vila, a minha casa de portões azuis numa rua de portões azuis. Encaro os meus olhos grandes e, ali bem perto, a chave pousada numa mesa distante. Volto à mesma casa mas a chave já não mora ali. Os meus pensamentos mais secretos armazenados naquela pequena caixa imaginária. E como o sete será sempre um número cheio de significados e as caixas se fecham sempre a sete chaves, tive de arranjar mais seis. Espalhei-as aqui e acolá junto com os meus sonhos e sorrisos. Sigo em busca das chaves. No momento decisivo serei capaz de as deitar fora dizer tudo o que precisa ser dito? Afinal, é normal fechar o que sentimos à chave.
 

Comentários

Fátima disse…
se puderes, conta-me a mim ;)
não feches à chave