Cheiros
O Homem encontra-se com a arte como um refugiado com um abrigo. Em ambos os casos a procura sôfrega de qualquer coisa que nos falta. A vida é ela uma procura esgazeada e perene do que nos faz falta. E o que é que nos faz falta? Eu gostava de mais um metro de tempo, por favor. Antes que o meu sorriso não passe de mais um sorriso a soar a falso na moldura. Antes que para além da moldura já não se ouçam as gargalhadas. Porque realmente o som das nossas gargalhadas demonstra que estamos aqui. Acho que nos torna tão “nós”. Reconheço-te ao longe pelo som das tuas gargalhadas. Se as gargalhadas tivessem odor, que odor teriam as minhas? Talvez um cheiro a geleia de morango e torradas acabadas de fazer. Talvez ainda um odor da manhã, a frescura de flores ou a um perfume qualquer de uma marca que ninguém conhece.
Ris-te muito, como se te fizessem cócegas, rimos os dois enquanto exploramos os corpos a cheirar a desejo carnal, rimos do amor, gozamos com o amor como se ele não existisse. Fazemos troça do que nos apetece. Apontamos pistolas de brincar aos nossos medos e aos amanhãs que nos metem medo. O medo cheira a podre, fruta demasiado madura. Quando deixamos o medo invadir a fruta fica madura, porque não tivemos coragem de a comer. Come a tua fruta. Dá o teu grito. Pega na tua mala mas regressa quando deres a volta ao quintal das laranjeiras que plantámos. Viajamos no quintal a dar voltas sem mexer os pés. Pegas-me ao colo e levantas-me a saia, pousas as mãos pelo corpo. As tuas mãos bailarinas e a tua boca prosa na minha boca poesia.
Eu não quero falar de amor, quero fazer troça dele. Cuspir-lhe na cara com nojo. Meu amor, vamos plantar laranjeiras e as tuas mãos aos tropeções no meu corpo. Sim, assim está bem. Vamos dançar, anda. Larga as malas. Entra no labirinto do meu corpo, vamos dançar. Até o sol rodopiar e não saber a que horas nascer ou a que horas se pôr. Anda vamos confundir o sol meu amor. O sol cheira a incêndio, fogo, labareda. Se fosse um perfume o sol seria um perfume adocicado, intenso, forte, puro. Se o sol fosse uma bebida era absinto a queimar na garganta.
A paixão cheira aos nosso perfumes misturados. Cheira a cera das velas que acendeste para iluminar o tempo do amor, cheira a incenso, cheira às minhas flores favoritas. Perguntas-me que aromas se desprendem da vida A vida tem o aroma dos cozinhados da minha mãe. Oregãos, tomilho, canela. Açafrão, baunilha, menta. Vou mudando os igredientes e aprendendo alguns truques.
Olho de relance para a porta e tu ainda estás lá. Com a camisola que te fica tão bem. Os teus olhos riem do prazer de me olhar e me despir num olhar. E sim, essa camisola fica-te mesmo bem.
Comentários
pronto comentei! hehehe e ag um kunamizinho sabia bem, assim pa recuperar as forças..é k cometar um post e bue desgastante lol!
beijitos
sim ela cheira mesmu a canelinha cm um chapinhar de hortelã e uma pinta de mel..
welcome back a mim =)