Cabelos molhados...

A chuva cai miudinha no quintal,
Pudera eu ser chuva
Inócua, a cair por cair,
A molhar a terra,
Danças de chuva,
Ritmos de vertigem,
Vidros baços,
Chocolate quente
A escaldar a garganta,
Lágrimas de sal,
Quem me dera ser como a chuva
Cair do céu no teu rosto
Em vez de lágrima
Lágrima a saber ao sal da madrugada,
Num adeus em que recomeçámos,
A chuva é linda:
Murmuro a mim mesma,
Ponho a mão na janela
Deixo-a escorregar no vidro
Está frio....
E é boa a sensação,
A mão a escorregar pelo vidro sem mais nada
O frio na mão que escorrega no vidro
O tempo a passar nas linhas oblíquas de chuva,
Pensamentos rectos,
Nas linhas oblíquas da chuva,
A vida lá fora
A pedir para ser vivida,
Gotas de chuva
A possuírem a terra,
A vida a germinar
E eu a abrir a porta,
Cabelos molhados...
Liberdade...
A chuva a cair miudinha no quintal.
O pavimento molhado,
Pessoas a fugir para as suas casas
E os meus cabelos molhados...

Comentários

Filipe disse…
Transmitiste-me uma sensação de conforto e de tristeza a partir do teu poema...Está muito bem escrito! Parabéns... Passei por aqui e achei interessante!
Se depois quiseres fazer uma visitinha pelo meu, estás à vontade.
1 beijo
Fátima disse…
A vida está sempre a pedir para ser vivida e temos de sair à rua mesmo com os cabelos molhados e enfrentá-la com todas as nossas forças!! temos de abrir a porta à vida, contemplando-a como se todos os dias fossem de sol! e tu deste-me força para o fazer... dás sempre, minha amiga Ninfa...
Anónimo disse…
Mas és chuva... nas palavras que deixas... no sentimento refrescante que deixas, na criação de terrenos mais férteis em que as palavras se geram e crescem... ;) BJs
Paty disse…
Ninfa... continuo a achar esta ideia de 1 Blog, cujo o nome ("Letras Soltas") irradia curiosidade, é uma boa maneira de mostrares algo que, como vês, todos adoramos...
Ficou-me a parte de "linhas obliquas", talvez por me ter lembrado da minha geometria que me tem acompanhado ao longo dos tempos..
xxx Grandes para a Ninfa + krida k conheco!
Daniel Cardoso disse…
Está um poema mesmo muito belo, pleno de emoção, em que as ideias escorregam de um tema para outro de forma muito fluída e em que o leitor se vai enredando. O tema da transmutação, de querermos ser aquilo que não conseguimos, é-me muito querido.

Prometeu
Daniel Cardoso disse…
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Daniel Cardoso disse…
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Anónimo disse…
Está um poema mesmo muito belo, pleno de emoção, em que as ideias escorregam de um tema para outro de forma muito fluída e em que o leitor se vai enredando. O tema da transmutação, de querermos ser aquilo que não conseguimos, é-me muito querido.

Prometeu
Daniel Cardoso disse…
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Daniel Cardoso disse…
Desculpem lá a repetição, mas aconteceu-me uma coisa muito parva aqui. Sorry...

Prometeu