Abandono

Abandono...
Não consigo pensar,
Esvazias-me o cérebro
À velocidade da luz
A cabeça a girar,
Aproximas-te,
Tocas-me...
Não sei onde estamos
Não sei que horas são
A tua boca diz-me as respostas
Das perguntas que ainda não foram feitas,
As tuas mão dizem-me tudo
Sobre o iníco do mundo
E as minhas revelam-te
Quem sou e o que faço aqui
E como me perdi em buscas inúteis
Até te achar,
Exploradora do mundo,
Agora mera exploradora do teu corpo,
Chamas-me mas eu não te oiço,
A pele inflamada...
Febre, febre, febre
A minha pele a gritar o teu nome
Não consigo respirar
Enredo-me em ti
Nesta teia onde nos enlaçamos
Suspiros, suspiros, suspiros
Quem sou?
Não sei...
Eu sou tu
Tu és eu
Quando nos fundimos
Numa chama
Que ainda não tinha ardido
Enquanto sublimamos a existência
Levitamos sem sair do chão
Intensidade...
Abandono....
Abandono-me em ti
A pele a escaldar
Parece possível tocar o céu
Sustenho a respiração
Digo-te palavras que não conhecia
Que só fazem sentido ditas ao teu ouvido
Gemidos na noite escura
Lábios , a tua boca a minha boca
Uma na outra
Fruto que trocamos
Até ao amanhecer
Suspiro alto, profundamente
Adormeço...abandonada em ti

Comentários

Daniel Cardoso disse…
A incerteza dos actos feitos leva-nos a fazer perguntas, que muitas vezes são silenciadas pela força de um beijo ou pelo contacto ardente de dois corpos. Mas ficam ainda na alma, a roer, a dificultar a vida corriqueira. Porque há perguntas que têm que ser feitas, e respostas que têm que ser dadas. Por muito que custe.

Prometeu
Fátima disse…
Abandonamo-nos a sentimentos e sensações que só existem vividos a dois... a momentos em que a pele treme e chama pelo nome q está escrito no nosso coração...
obrigado por saberes descrever esses momentos na perfeição...