Pela primeira vez esvaziou a mente de tudo, e flutuou sem se importar com mais nada. O café arrefeceu em cima da mesa e o sono teimou em ser intermitente como uma lâmpada. Mas ocupou os espaços da mente para não chorar. Picou-se na roca, mas não chorou.......pelo menos não muito. Dançou no quarto sem espelho mas viu-se reflectida. A cara distorcida pela mágoa e quebrou a imagem com um sorriso. Tudo se virou e a música animou-se. Ouvia-se sons de moedinhas quando mexia a cintura. Estás longe da vista e agora também do coração. Deixei-te escapar só hoje, de propósito, mas não vale a pena enganar-me. Tu preenches todos os cantos, mesmo os mais escondidos. Depois o telefone tocou mas as palavras pareciam distantes como se eu estivesse no outro lado do mundo. E nada mais existe agora. Só um conto de fadas longíquo no tempo, era uma vez de uma história da infância. Eu estou bem sozinha por agora. Não tenho medo do escuro porque acendi velas e mais velas e vou velar sozinha o meu sono. Amor por entre as velas. Devia ter-te peguntado como estás. Remói a dúvida do que a tua cabeça te dirá sobre mim. e o teu coração. Eu faço o que posso mas não, não te consigo esquecer. E mesmo quando digo que te esqueço, dizer que te esqueço faz-me lembrar de ti. Mas hoje eu vou lembrar-me de ti sem raiva e sem lágrimas. Porque eu cresci. Saí da cama e caminhei segura pela areia. Só a tua imagem não quis deixar de caminhar comigo. Só que eu , eu arranquei-te de mim. Só hoje.

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