okay
Sentou-se no ramo mais afastado da enorme árvore. Precisava pensar. Sorria em parte, mas numa parte que tentava esquecer algo remexia. Reflectiu enquanto as folhas caíam e os pensamentos iam passando e aventurando-se por aí. Ao princípio era uma dor quase imperceptível no fundo de si. Uma pequena ferida que mal se dava conta. Mas quando anoitecia e parava para pensar ou como agora, pendurada no ramo daquela árvore, se punha a disparatar doía tanto. Era uma desilusão tão funda que parecia que se escorregava para uma gruta. A dor aí era maior, quando estava escuro e não se podia pensar noutra coisa. As noites acabavam todas assim. E na manhã seguinte, outra manhãe novas esperanças. Porque assim tinha que ser. Até a dor se cansa de doer quando vencida pelo sono. Não havia nada que pudesse dizer. Apenas as palavras nas quais espelheava um entendimento que mais ninguém ia entender. Como aquela dor que mais ninguém saberia que sente, como aquela dúvida que a persegue. Dúvidas, ela tem dúvidas. Do que sente, do que quer. Só aquela dor persiste nas suas gargalhadas e sorrisos. Mesmo quando se sente alegre.
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