Robôs, explosões e o meu sofá da sala
Às vezes sinto que levo a vida como um espectador do cinema de Michael Bay: sento-me a assistir ao artifício das explosões e lutas de robôs gigantes sem interesse nem sentido, nada que discutir quando me levanto do sofá. Esqueço-me de mim enquanto absorvo o fogo das cores brilhantes e rostos bonitos que distraem dos projetos e objetivos que já não sei se tenho ou se alguma vez tive. É o desemprego, são os estágios, as ofertas desinteressantes, os salários baixos, mil e uma desculpas, talvez, ou apenas inércia, apatia, preguiça. Não sei o que quero, mas a culpa é só minha. Muda de vida se não te sentes satisfeito, cantavam o Camané e a Manuela Azevedo. Sim, sim, mas há por aí tanta gente sem trabalho, sem dinheiro, quero eu também voltar a depositar nos outros o meu sustento, para seguir, egoísta, um sonho que sei irrealista?
E então deixo-me estar, o vinho ainda está fresco, o sofá é confortável. Estão a passar os Transformers outra vez na televisão.
E então deixo-me estar, o vinho ainda está fresco, o sofá é confortável. Estão a passar os Transformers outra vez na televisão.
Comentários
Frases feitas e letras de canções parecem tornar o caminho da mudança uma coisa simples escondendo que nele estão as explosões, as lutas com os robôs gigantes e as coisas sem interesse nem sentido e é tudo isso que nos dificulta a tarefa de mudar.