faróis e pó de estrelas
Eu já não tenho medo do escuro. E tu que pensavas que eras a única luz. Pois é. Os faróis apagaram-se. Naufragou-se numa esperança doce e leve. Peço desculpa pelas vezes que apaguei as estrelas, em vez de acender as candeias. Eu já não tenho medo do escuro. Por vezes tenho medo dos meus pensamentos, de me perder no fundo negro de alguns deles. Desculpa se por vezes os meus pensamentos te castigaram ou te magoaram e divagaram para fora de mim. Eles amam-te, os meus pensamentos. Eu sinto-me uma estranha em mim, uma tempestade de areia lançada num qualquer deserto. Pergunto-me sobre o oásis, és tu, serás tu? Seremos nós? A vida muda tanto. Eu cansei-me de lançar redes. Destruí todas quando ficaste preso no meu barco e depois foste tu que me libertaste. Só que eu gelo de medo e as lágrimas caiem frias pelo meu rosto. Eu não sou perfeita como escrevi que queria ser. Sou um reflexo de uma perfeição inacabada, uma amálgama de barro mal acabado, de erros feitos e por fazer. Perdoa-me mas a minha alma navega em ti ainda. Secalhar ainda tenho medo de algum escuro. Das planícies dos meus temores e dos teus olhos muito abertos sem me ver. Do teu coração perto do meu a bater devagar em vez de galopar na minha direcção. Eu grito mais alto que as nuvens e as tempestades para que ouças e outras vezes sussurro-te com os dedos na tua testa sem palavras. Eu sou o gesto. Que te embala quando tiveres medo. Mas eu confesso, estou tão assustada de mim mesma, do que penso e do que sou. De nós e do mundo. De que se apaguem as estrelas e eu não tenha tempo de te mostrar a constelação que desenhei no céu para nós dois. Uma cúpula de sorrisos e de sentimentos espelhada na imensa galáxia.
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bjs*
Sofia