Mary Poppins
Havia portas mas não havia saídas. Mary Poppins a voar no seu chapéu ansiava agora voar para outras paragens. O medo escondido no bolso do casaco, o tempo a ferver no vento que passa. E as horas que avançam no relógio grande da praçeta. As pessaos que passam, os rostos conhecidos a passarem a desconhecidos na intermitência de um piscar de olhos. Mary Poppins quer voar no seu chapéu mas gostava que os dias fossem maiores para gravar na sua mente os beijos e os sorrisos, o cheiro da terra que é sua, a textura da sua almofada e da sua vida que será outra. Vida heterónima, por assim dizer. Tão outra. Percorre-a um arrepio de ansiedade. Mary Poppins revolta os cabelos na reviravolta da sua vida. Os lugares a mudar, a presença a fazer-se ausência. A cidade a tornar-se saudade. as badaladas do relógio. A meia noite. O novo ano. a nova vida. E Mary Poppins transforma-se em cinderela sem sapatos, o tempo transforma-se em sem tempo, o principe fica. A princesa vai. Os amigos tornam-se pequeninos vistos do pássaro gigante que leva a cinderela. A sombrinha da Mary Poppins. A nave de sonhos espaciais (especiais) a rodarem no sentido inverso dos ponteiros do relógio. Porque tudo roda ao contrário na vida. Os sonhos da aventura apo contrário do tempo da despedida. Eu, Mary Poppins. Cinderela. Bruma de Avalon. Cidade perdida em mim.
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Não quero acreditar...