Sinfonia e disfonia
O teu beijo é como uma cereja. Um rebento primaveril no meio da invernia que assola Lisboa,a minha vila ribatejana e muitos dos lugarejos do meu país. O teu beijo é morno e coberto de esperas, quando os nossos lábios se afastam por dias que se assemelham a meses e se cobrem de saudade os campos da minha alma. E só quando chegas, em passos rápidos até mim, se cobrem de flores os campos e voltam as cerejas. As cerejas são assim, não se pode comer só uma. E entre um beijo e outro se aquece o paladar de sonhos e revivem-se memórias de outros beijos. Perco-me no labirinto a que chamei éden por ser nosso. As palavras dos outros habitantes terráqueos envolvem-se de bruma, nesse preciso instante em que colho as cerejas, ou mais precisamente, te cubro de beijos. Só quando os nossos lábios se voltam a desencontrar se desfaz o encantamento. Regressa o burburinho de vozes na rua, no centro comercial. Os nossos olhares riem um para o outro de satisfação. Conversamos longamente, entre pausas e silêncios, entre jogos de olhares ou palavras conotadas sempre com a mesma entoação apaixonada. Assim é, nos dias de inverno em que nos reunimos para dar lugar à paixão. Certas vezes, esquecemo-nos do tom e perdemo-nos em notas mais agudas, soltadas fora da harmonia em que se processa a nossa melodia. Mas tudo volta com naturalidade ao início melódico de que se havia retirado. Como se um maestro invisível, a que chamo amor, pudesse comandar o retorno das notas ao mundo da musicalidade e da sinfonia. A disfonia fica de fora, a nevar sobre lugares distantes e gelados. Cá entre nós meu amor, sempre fomos Verão não é?
Comentários
Adoro-te minha piquena!
ooooooohhhhhhhhhooooohhhhhh =D
que lindo!
ooooooohhhhhhhhhooooohhhhhh =D
que lindo!