Trampolim


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Sempre foste tão prepotente! Insistes em interromper o meu silêncio! O mar, os bancos, as pedras, os riscos azuis do mármore, as juras de amor a corrector... tudo grita o teu nome. Maldito este mundo sempre meu que foi nosso e hoje é um paralelo vazio. Por segundos brinco ao faz-de-conta. A fingir que é de manhãzinha e te espero. Estás apenas atrasado. O grilinho falante abana-me por dentro e sussurra: "Que tola, quem está sempre atrasada és tu!" Desperto do meu transe para a data que o relógio impõe, maior déspota de todos os tempos. Parece que o presente é um passado sem um futuro de ti como um filme non-sense. (Entendes? Eu sou eu antes de ti outra vez!)

O nosso banco ainda está lá. Mas tu és invisível. Não me quero sentar. Seria como dormir sem almofada. Preciso do teu peito forte e da tua mão sobre os meus cabelos. Respiro a maresia, entorpecida. Deixo-me arrastar pelo vento, entre o chegar e partir das ondas, pés enterrados na areia, olhos fechados. Caminho sobre a corda bamba, sabendo que vou cair. O chão está perto, cada vez mais perto... e tu, trampolim, não estás para me amparar e me fazer voar de novo.

Comentários

delusions disse…
" O chão está perto, cada vez mais perto... e tu, trampolim, não estás para me amparar e me fazer voar de novo."

fantástico...muitos parabéns...a ausência descrita de uma maneira lindíssima...
fica bem*
AR disse…
o trampolim está lá para nos dar akele empurrãozito..! ou seja, pra destabilizar isto tudo!
;)*
bjuuu
Fátima disse…
acho que vou dar uns saltinhos pra ver em que caio... =P