Rímel e sabonete


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180º graus na máquina de lavar. Zum zum musical e blabla confuso de vozes sem cara, cores e bolsos vazios das mãos e recordações que os preencheram. Nas voltas e reviravoltas que damos, esfregamos as manchas dos trambolhões com sabão azul e branco, ou aquele da televisão que faz bolhinhas amarelo-azul-vermelho-verde-magenta, limpamos o sal e tapamos as olheiras de choro com base, tudo muito rapidamente, como se fossemos tão renováveis como um casaco preto. Somos cíclicos e previsíveis, mas laváveis. Caímos e mandamos a roupa para lavar. Mandamos momentos para a máquina de lavar, quando estão tão malcheirosos e enodados que nem os podemos ver. Às vezes esquecemo-nos deles, e quando os vamos buscar estão pequeninos, descolorados, inodoros...estranhos. Falta-lhes A essência. O perfume. O ser que os habitava. E já estamos vestidos de momentos mais frescos, cheirosos, vivos! Molhamos a bolacha no chá, molhamos a cara de chuva salgada, molho a camisola que te respirou e dou-lhe uma vida nova. Tudo é afinal tão fácil como borrar o rosto com a artificialidade de uma base, um rímel, um baton e um blush. Como tirar tudo do armário, espalhar em cima da cama, separar o que vai para os pobres, para a irmã e para as primas, e abrir espaço para as calças e t-shirts que vamos comprar. Ainda não fomos às lojas, não sabemos se vamos gostar, querer experimentar, servir e comprar, mas temos a certeza que vamos encher o roupeiro de novo.
Porque o chá perde o gosto se ficar frio, mas posso fazer mais. Porque uma piada perde a graça se for contada muitas vezes, mas podemos inventar mais.
Há sempre lojas e lojas de adrenalina e emoção em que ainda não entrámos!

Comentários

Anónimo disse…
Belo ponto de vista. Gostei. :)
AR disse…
é a loucura nos saldos!
=D
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Marta disse…
Ai a base...:P
Fátima disse…
ponto de vista neoblanc!!! eheh =)