Reflexos
Olhas-te e não te vês. Devolves-te um olhar pesado, gasto, sem brilho. Tocas-te e arrepias-te com a superfície gélida do teu reflexo. Não te sentes. Em ti fica o frio que preencheu o olhar que te procura do outro lado. O corpo inerte, apático, os lábios mudos, a alma que lateja nas fontes... Por momentos, perguntas-te "Quem és, meu eu angustiado com o nada de cada nascer do Sol? De onde vieste, retalho perdido de mim? De onde vieste, nevoeiro que cobre o arco-íris que eu sou?"
E afastas-te de ti porque não te vês, afastas-te de ti porque já não és, afastas-te de ti e desapareces na multidão de rostos sem expressão, que se arrastam num pôr-de-sol cinzento, no nevoeiro dos seus reflexos.
Comentários
o filme tocou-me muito mais pelas imagens, expressões e talvez até pela música, do que propriamente pela história... é uma história que poderia ser de qq pessoa, sem grandes detalhes nem elaborações. este filme toca por tudo o que não é dito.
No fim do filme ficaram-se as palavras do Lewis Carrol
"Mas os poços de fantasia
acabam sempre por secar
E o contador de histórias, cansado
Tentou escapar como podia.
O resto amanhã. Já é amanhã."
e resolvi metê-las no google a fim de encontrar mais sobre o mesmo... E foi assim que vim parar a este blog...
Li o primeiro post e decidi que já não valia a pena escrever sobre o filme, pq de certa forma, estava ali tudo.. pensei em comentar, mas achei q poderia n ser de bom tom deixar opiniões em blogs alheios.. ;)
mas percorri a vossa página e dei com mais uma dissertações sobre Alice, e com esta foto... Aqui não resisti, pois foi esta a imagem q mais me marcou no filme...
porque ele olha para a TV como se fosse a primeira vez que se vê... ou então olha e vê outra pessoa, um estranho... e percebe q esse estranho está a chorar... demora-se nas várias projecções da sua imagem como se estivesse a conhecer cada parte do seu rosto...
um filme com muito poucas palavras, mas com tanto conteúdo! Não consegui fechar a página e deixar de elogiar os vossos escritos. ;)
Bons Posts