Binómio
Porque é que escrevemos tanto sobre o amor? Acho que talvez seja para continuarmos a acreditar nele.
É um ciclo. Como a fome. Um binómio: entendimento ou desentendimento. Compreendes?-Sim eu entendo. Na era dos entendimentos eu acreditava no amor. Devo reformular e escrever Amor. Na era dos entendimentos tu fazias-me festas no coração e cócegas na minha caixa do riso. Éramos uma janela aberta sobre uma ponte, onde um novo dia raiava. A fusão das bocas era igual à fusão das palavras. E tu compreendias-me (ou esforçavas por compreender). E falávamos à toa num jardim qualquer. Na era dos entendimentos havia o silêncio a salpicar as palavras, e até no silêncio tu prestavas atenção ao que eu dizia. Até no diálogo prolongado de um beijo. Era perfeito . Mas perfeito é aborrecido. Porque tu não eras tu . E eu não era eu. Ainda soávamos tanto a falso. Só o lado solar.
Depois veio a era dos desentendimentos, e o tempo carregou no seu ventre a semente de uma discórdia, que não sei se é boa ou má. Acho que nada é inteiramente bom. Nem inteiramente mau. Na era dos desentendimentos, fazias-me festas no coração e abrias a torneira da minha fonte de lágrimas. Na era dos entendimentos eu nunca chorava e, se o fazia, tu esticavas-me um lenço branco, impecavelmente limpo, livre de mágoas e de rancores. Nesta era nós já éramos nós e não havia espaço para fingimentos, nem sempre havia lenços, até gritos eu ouvi, por cima dos silêncios que outrora desfrutávamos. Parecia que tinham gravado outra música por cima da música do silêncio do nosso CD. Era o meu e o teu lado lunar a ferirem-se, a encontrarem-se, a fundirem-se.
Confesso que desconfiei do amor. Devo reformular e escrever amor. Sim, fica igual. Era amor mesquinho, era amor sem asas e sem lirismos sublimados. Era amor-carne e amor-sangue e em certos flashes julguei já nem ser amor. Só que depois entendi. A vida e o Amor são uma e mesma coisa: um ciclo fátuo repetitivo. Doce e amargo. Entendimento e desentendimento. Corda bamba. A perfeição é um lago muito belo mas sem peixes. Ninguém pode viver na perfeição. Acreditarias se te dissesse que ninguém quer viver na PERFEIÇÃO? Que queremos ser sol e lua, noite e dia, bom e mau, mentira e verdade? Olha-me nos olhos e diz-me que detestas estas divisões. Sê o meu binómio. A minha contradição. Vamos jogar um jogo. Em que sabemos À partida que não somos perfeitos. A satisfazer desejos e a procurar novos. Não sabemos as respostas ás perguntas. Por isso somso tão tolos. Tão tolos. Tão tolos. Só tenho uma verdade: Não sei. Apetece-me estar contigo. Apetece-me SER CONTIGO.
Em qualquer era, em qualquer lugar ou não-lugar. E depois? E porque não? Porque sim. Porque quero. Calas-me com o dedo indicador sobre a minha boca. Acho que as torradas se estão a queimar. Beijas-me e penso que as torradas se estão a queimar. Absurdo. Cheira a torradas queimadas no quinto andar onde somos janela virada sobre a ponte. Lá fora onde os carros se amontoam em filas, onde gente dentro de carros com medos vai para um não sei onde. Cheias de pressa. Enquanto eu nem quero saber. E deixo queimar as torradas.
É um ciclo. Como a fome. Um binómio: entendimento ou desentendimento. Compreendes?-Sim eu entendo. Na era dos entendimentos eu acreditava no amor. Devo reformular e escrever Amor. Na era dos entendimentos tu fazias-me festas no coração e cócegas na minha caixa do riso. Éramos uma janela aberta sobre uma ponte, onde um novo dia raiava. A fusão das bocas era igual à fusão das palavras. E tu compreendias-me (ou esforçavas por compreender). E falávamos à toa num jardim qualquer. Na era dos entendimentos havia o silêncio a salpicar as palavras, e até no silêncio tu prestavas atenção ao que eu dizia. Até no diálogo prolongado de um beijo. Era perfeito . Mas perfeito é aborrecido. Porque tu não eras tu . E eu não era eu. Ainda soávamos tanto a falso. Só o lado solar.
Depois veio a era dos desentendimentos, e o tempo carregou no seu ventre a semente de uma discórdia, que não sei se é boa ou má. Acho que nada é inteiramente bom. Nem inteiramente mau. Na era dos desentendimentos, fazias-me festas no coração e abrias a torneira da minha fonte de lágrimas. Na era dos entendimentos eu nunca chorava e, se o fazia, tu esticavas-me um lenço branco, impecavelmente limpo, livre de mágoas e de rancores. Nesta era nós já éramos nós e não havia espaço para fingimentos, nem sempre havia lenços, até gritos eu ouvi, por cima dos silêncios que outrora desfrutávamos. Parecia que tinham gravado outra música por cima da música do silêncio do nosso CD. Era o meu e o teu lado lunar a ferirem-se, a encontrarem-se, a fundirem-se.
Confesso que desconfiei do amor. Devo reformular e escrever amor. Sim, fica igual. Era amor mesquinho, era amor sem asas e sem lirismos sublimados. Era amor-carne e amor-sangue e em certos flashes julguei já nem ser amor. Só que depois entendi. A vida e o Amor são uma e mesma coisa: um ciclo fátuo repetitivo. Doce e amargo. Entendimento e desentendimento. Corda bamba. A perfeição é um lago muito belo mas sem peixes. Ninguém pode viver na perfeição. Acreditarias se te dissesse que ninguém quer viver na PERFEIÇÃO? Que queremos ser sol e lua, noite e dia, bom e mau, mentira e verdade? Olha-me nos olhos e diz-me que detestas estas divisões. Sê o meu binómio. A minha contradição. Vamos jogar um jogo. Em que sabemos À partida que não somos perfeitos. A satisfazer desejos e a procurar novos. Não sabemos as respostas ás perguntas. Por isso somso tão tolos. Tão tolos. Tão tolos. Só tenho uma verdade: Não sei. Apetece-me estar contigo. Apetece-me SER CONTIGO.
Em qualquer era, em qualquer lugar ou não-lugar. E depois? E porque não? Porque sim. Porque quero. Calas-me com o dedo indicador sobre a minha boca. Acho que as torradas se estão a queimar. Beijas-me e penso que as torradas se estão a queimar. Absurdo. Cheira a torradas queimadas no quinto andar onde somos janela virada sobre a ponte. Lá fora onde os carros se amontoam em filas, onde gente dentro de carros com medos vai para um não sei onde. Cheias de pressa. Enquanto eu nem quero saber. E deixo queimar as torradas.
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