Relógio do tempo
Gostava de dar voltas no relógio do tempo e parar naquele momento em que jurámos vida e futuro na loucura de um desejo, na sofreguidão de um olhar, intenso, quente, de um corpo que vibrava de paixão sincronizado no meu, colado ao teu... Gostava de parar naquele momento que num ontem fomos nós e que num hoje foge de mim e de ti, e ser eterna contigo, duas almas abraçadas num beijo, duas mãos que violentamente se uniram, dois corações que se tornaram um só...
Gostava de deixar de ser uma sombra, um espectro do passado que já não me pertence, um nada que num hoje corre para um ontem e foge para um amanhã, numas escadas rolantes que desespero em subir, em vão, porque o seu sentido é descendente... como o meu arrastar num hoje difuso e incompleto, em que subsiste um eu que já não é eu, porque ficou preso num tu.
Gostava... Gostava de te abraçar num para sempre que não é som nem palavra, que não é apenas de um hoje mas de um amanhã... Gostava de dar voltas ao relógio do tempo, mas ele está preso num hoje, como nós ficaremos presos num ontem, unidos numa eternidade que já não é nossa, que é de outro nós, outros tu e eu...
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brigado olindinha...