Musa de (des)ilusão

Solto um grito louco, liberto o meu sufoco. Calaste a minha alma, moldaste-me como a um pedaço de barro virgem. Esculpiste como pela primeira vez uma estátua desbotada do olhar de tantos sóis, suja de mil toques. Uma estátua em ruína por um passado que é presente e será futuro. Desenhaste a perfeição e a clareza que viste na tela surreal e abstracta que sou eu na folha amachucada do teu coração. A cada cor que pintavas em mim a folha sorria e os vincos de sofrimento desapareciam. Quieta, calada, deixava-me ser modelo de candura e beleza, até que o teu olhar cruzou o meu e a prisão confusa de cores da minha alma rebentou e perdeu todo o seu azul. Agora só vês negro, cinza. Olhaste a tua folha e viste sonho, ilusão…olhaste-me e viste pesadelo, desilusão. E a caneta dos teus olhos foi borrando as cores, formas, sorrisos de um alguém que pintaste e não sou eu, uma musa singela e pura que viste em mim.

Comentários

Anónimo disse…
Ninguém melhor que tu ultimamente para transmitir esta mensagem! Isto da faculdade expandiu-t realmente os horizontes!Continua a criar e a viver coisas novas! Sugestão: mais humor, mais sarcasmo; comenta a sociedade e tudo o que nos rodeia de forma subbtil. É diferente daquilo que escrevem aqui, mas também é construtivo. De resto, es´´a td mt giro!

Sara
Daniel Cardoso disse…
A subtileza necessária para apreciar os tons de cinza é superior à necessária para apreciar as cores berrantes que nos invadem os sentidos.

Prometeu
Fátima disse…
por vezes as cores desaparecem, num momento de insegurança, de medo...e fica o cinza, o preto...mas por ventura voltam, com ainda mais força, terreno! =)beso*

amiga do humor negro, do sarcasmo... tava mm à espera q fizesses um comentário assim! =P ms fiquei derretida com a cena dos horizontes... ya, uma pessoa ja começa a ver para lá da gordura dos padres na faculdade! deves sentir isso tb! lol ;) thanks sister... kiss*

é verdade prometeu, é mais difícil olhar o cinza escondido nas cores que se amontoam aos nossos olhos...
Anónimo disse…
Neste teu texto vejo o dilema do ser livremente, do ser aquilo que realmente somos. No entanto, hoje em dia, cada vez mais vivemos no olhar do outro, cada vez mais desenhamos os nossos retratos com cinza... Esquecemo-nos das cores no fundo da gaveta... Temos de tentar encontrar um equilíbrio, tentar desenharnos a cor, sem nos esquecermos que até na própria natureza existem sombras...