Perdida

Às vezes sinto que estou perdida dentro de mim mesma. Tal e qual um labirinto abismal de perguntas sem resposta e de palavras contidas por dizer. Perdida dentro de caminhos que ousei trilhar e de escadarias que não ouso subir. Oiço dizerem-me baixinho que sou capaz de saltar cada lanço e obstáculo dessas pequenas escadas. Oiço o meu coração bater mais depressa que um furacão, como se falasse comigo e me dissesse: «avança». Só o meu corpo, languidamente, desobedece aos meus quereres. Fica ali, uma pedra para sempre adormecida. Quero fazer ricochete dessa pedra e encontrar a coragem que perdi em algum lugar. Fazer inversão de marcha naquela rua de sentido único em que me tenho refugiado. Gritar, a plenos pulmões, o verdadeiro grito da liberdade. Sem deixar que as palavras sejam engolidas à pressa e se colem no fundo da garganta. Sem deixar que o medo me ultrapasse em alguma esquina e o embaraço me faça parar. Que fazer quando mordes a língua e as palavras não te saem?Quando te fechas na concha do silêncio em vez de arrastares as ondas ao teu redor? Quando vais começar a lutar? Quando vais deixar de te perder nas rotas de ti mesma e vais perguntar a alguém o caminho de volta? De volta ao que mereces e não ao que aos outros esperam de ti. Ainda não é tarde para encontrares o caminho de volta.

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