Winter of 2008 (like the summer of 69... I knew that nothing could last forever)

Tudo parecia agora mais difícil. O cheiro nas almofadas, os bilhetes escondidos debaixo dos objectos e o prazer da descoberta. Mas permanecia um longo e enorme vazio, como se estivesse perdida no meu quarto-labirinto. Como se o conhecido voltasse a ser desconhecido. De repente estava de novo sozinha, a minha sombra sem outra sombra, as minhas palavras sem outra voz a dar-lhes resposta. E as fotografias e as memórias a pairarem sobre todas as coisas. Parece que arrancaram uma parte de mim. As despedidas deviam ser proibidas, mas já sabíamos. Era uma despedida antecipada quando nos encontrámos. Mas atirei-me de cabeça a estes dias, enchemos o quarto de risos e suspiros. Perfumámos as horas de beijos e devorámos o mundo. Atravessámos a ilha e de repente eu não estava cá. Havia um pouco de casa, um quê de familiar. E um palpitar na barriga e cócegas no corpo e no coração. Uma lareira na alma que fumegava.Agora volto à estaca zero nesta corrida de saudades. A procurar novos sentidos para os dias e a seguir em linha recta. Preferia as nossas curvas e contracurvas por aí. Mas como ambos sabemos não pode ser. Por muito que seja uma dor tão forte que parece que estilhaça o coração. Por muito que as lágrimas chovam em mim em milhares de aguaceiros. Não vai voltar atrás. O tempo passou que nem uma bala nessa semana. E finalmente a bala atingiu-nos. Perfurou a carne. E do samba dos nossos corpos ficou agora uma música triste. Apenas escrevo para matar as horas e a dor. E sorrio na alegria do que vivemos com a tristeza do que me falta viver. Esta alma sôfrega de aventura e cheia de desejos que viveu estes dias sem pensar. Esta loucura de ser e sentir que palmilhámos por aí. Ficou o eu. Mas preferia a tua mão na minha mão.

Comentários

i disse…
=,) ele volta, vais ver*
delusions disse…
...eu também preferia...

gosto da forma como parece que falas através de cada pessoa que te lê...


Bjinho*